
Sob os meus pés, as ondas murmuravam que não, que não, que não tens culpa e o sol continuava quieto no seu espaço absoluto.
Amanhã todas as coisas estariam ali, mesmo que eu não voltasse.
Ergui os olhos, ergui os braços, silenciei o queixume e avancei, serena.
Atrás deixava as águas e os meus pés trilhavam o caminho certo.
Foi assim que respondi à Diva, em mensagem de alegria à vista, mais uma vez, mas agora já sem rimas, que a prosa também é poética.
Depois veio a bastet, límpida nas suas frases lindas, e disse que eu tenho razão.
Tomei a areia nos braços,
e o mar sentia-o no ventre,
sorvendo as lágrimas de sal
com as ondas do meu desalento.
Traguei a vida num sopro,
até à banalidade da morte,
fiz de pouco a minha sorte
e do amor amuleto...
Despi-me de roupas e credos,
vesti-me do verso, de errado,
não fosse o destino ofertar-me
o teu corpo por presente...
Que mais fiz que não faria?
Que vagas rebentaram cá dentro,
quando nua me vi deitada
ardendo de fogo e tremendo...
Troquei seixos por promessas,
rezei, chorei e pedi
que a espuma da maré vaza
te trouxesse de novo até mim.
Cinji a cintura de algas,
cobri o rosto de véus
quando na praia te vi as pegadas
e te senti os braços nos meus...
Das febres, das seivas, dos gestos
dos risos, gemidos, odores,
calou a noite o segredo
guardou o mar os sabores...