Thursday, June 04, 2009

Perspectiva...


Buscar a chave em círculos e cercos
Fechar as margens e estancar o pranto, o pântano, o silêncio
consumado na pálpebra cerrada
Trancar as sílabas na perfeição do dia,
Enfrentar o íngreme nocturno
Esmagar a raiva, anular o verbo descarnado
desmembrado, vazio, áspero.
Chave. Lugar do fim.
Ou o princípio?

Monday, June 01, 2009

Batem-me à porta e eu estou sentada

Fotografia gentilmente cedida por

Batem-me à porta ao fim da tarde, sempre à mesma hora e eu não vou; sentada me contenho, apesar do sonho correr veloz até ao infinito e regressar ao quadrado gasto dos meus olhos, paredes brancas sem adornos e eu como flor plantada de raiz.
Batem-me à porta ao de leve, mesmo que o ferro toque o ferro, que os materiais ganham veludo quando lhes ordenamos o silêncio e ficamos presos na raiz dos pés e nas amarras de outros fios invisíveis que as paredes teceram no quadrado do silêncio.
Batem-me sempre à porta os fios das letras, com mão fechada em punhado de palavras e eu aguardo a noite, suspendo o ímpeto e fico sentada jogando as peças como se a vida fosse ainda a primeira onda no areal da manhã.
Batem-me à porta os caminhos de um mundo abraçado à vontade dos que podem partir e o fecho não descola da ferrugem do estar.