Wednesday, December 26, 2007

se alguma coisa rompesse a penumbra


A mão que escreve tem a mesma exigência que macera a alma
como se fosse uma respiração mal conquistada
ou um coágulo maldito a bloquear a veia
que pulsa avassalando cada noite;

Nada me merece a vista; nada me aquece o frio dos olhos;
nada me surpreende a lassidão do estar,
nem tão pouco veneno que corre em regatos
ou a rosa branca pendente dos espinhos

Uma avenca rompe da fenda dos tijolos
e eu sinto-lhe o contorcer da força
como um pulsar exigente; o veneno da beleza
invadindo a penumbra que flagela a vida.

12 comments:

Claudia Sousa Dias said...

Deverias ler (se é que não leste já)"Ladrões de Beleza" de Pascal Brückner...

Tem tudo a ver com as emoções escondidas nas entrelinhas deste post...

CSD

peciscas said...

Apesar de tudo, as penumbras podem rasgar-se.
E nem só as avencas o conseguem.

Fatyly said...

Há penumbras difíceis de romper mas não impossíveis.
Fantástico!

addiragram said...

O "veneno da beleza" da avenca só se impõe ao teu olhar porque em ti "ela" explode.

mfc said...

A vida ( a alegria) aparece sempre.
E sempre tem a capacidade de nos surpreeender.

Odele Souza said...

Olá Elipse,
Passei para ler suas palavras bonitas e lhe desejar um EXECELENTE 2008.

Um abraço.

Leonor C.. said...

Desejo-te um bom Ano Novo, com algumas realizações pessoais e muita saúde.

Beijinhos

O'Sanji said...

(des)Alinhada
Um beijo de quem só teimosamente vai mantendo o "plan(o)alto", desejando-te um feliz ano novo.

Toze said...

acaba sempre por romper a penumbra, mas nunca totalmente !

Saio daqui com mais um livro "Ladrões de Beleza"

:)))))))))))))

peciscas said...

Nesta passagem do 3º para o 4º ano pecisqueiro, agradeço a amizade e a companhia.
Para ti, tudo de bom em todos os dias que se seguem.

Mónica said...

tás quase a atingir o nirvana :D

pfffffffff, amanhã é outro ano

Boop said...

Escreves muito bem.
Já te o tinha dito.
Mas que sofrimento existe na mão que escreve e na alma que dita.