Sunday, September 16, 2007

a linguagem das pedras em tempo de memórias

Roma

estavas inscrito nas pedras, à superfície
de um tempo que passou e se passou
marca cravada nos capitéis do pensamento
mesmo ao longe, noutra latitude,
nos ângulos de outros frisos
nos restos de outras realidades.

senti ainda a tua ausência no que restou
do labirinto das crenças
nos fragmentos subterrâneos,
na triangulação quebrada das fachadas
nas praças povoadas de mitos
e nas águas que os deuses faziam jorrar para dentro das fontes.



9 comments:

Boop said...

ÀS vezes parece que estamos no labirinto de Tebas...

A sabedoria para sair de lá, aparentemente tão simples, parece que nos é vedada!

E o minotauro da lembrança contiua a devorar virgens...

mfc said...

Somos sempre seres incompletos.

addiragram said...

Quantos têm as pedras sem inscrições
ou marcas? O lugar da ausência é a
presença viva da memória das emoções.
Um dia os traços serão mais ténues mas nunca deixarão de colorir os capitéis.

Claudia Sousa Dias said...

Belo.

Adoro este teu poema de saudade.

Beijo


CSD

peciscas said...

Quando se contemplam restos do passado, as emoções escorrem lentamente...

Fatyly said...

por vezes essa procura é bem exaustiva e dolorosa, mas de uma forma ou de outra todos fazemos num "ajuste de pedras"!
Parabéns!!!!!!

José Manuel Dias said...

..a aprendizagem dever ser constante...

CNS said...

Será a memória um espaço-tempo feito de ruinas, do-que-foram-um-dia? Ou são apenas ruinas, aquilo de nos queremos recordar?

um beijo

Nilson Barcelli said...

Tu até consegues por as pedras a falar...
Este teu poema é muito bem conseguido. A linguagem é clara, tem musicalidade e as imagens que crias, nomeadamente através de metáforas inteligentes, são muito boas.
A foto também foi bem escolhida.
Beijinhos.