Era o céu a rasgar-se numa espécie de dia fora do tempo e eu concentrada na direcção circular que me trazia de volta a um lugar sem trevos mas, ainda assim, acolhida na frieza da fechadura que me reconhecia a mão.
No lado de dentro, a salvo do relampejar fino que me iluminara o caminho, o silêncio alimentava-se dos céus zangados e incomodava-me o nervo frágil.
Saí a refrescar o medo sem ter descortinado se me satisfazia ou me desagradava o excesso de ordem e a submissão aos elementos.
A chuva arrefeceu-me os braços despidos. Depois deitei a insónia nas trevas.
Pela madrugada estiquei os tendões adormecidos e tacteei o vazio com os olhos, antes que a luz nascesse.
Pela madrugada estiquei os tendões adormecidos e tacteei o vazio com os olhos, antes que a luz nascesse.
9 comments:
O inevitável regresso ao quotidiano tão assustador como acolhedor, mas sempre com "raios" grtificantes.
Um beijo garota:)
Incrivel! Como noutra ponta também o céu aponta.
As tempestades fazem-nos olhar para dentro de nós.
Quando a Natureza aparece a lembrar a sua força, sentimo-nos mais pequenos e frágeis.
Em primeiro lugar, uma escrita capaz
de nos tocar como um raio!Consegui, por momentos, vestir na minha pele a tua pele...
Depois, o tumulto dos elementos, leva-nos aos nossos desamparos primordiais.Valeu a pena esperar a tua escrita.
Um belo texto para ilustrar uma imagem que só é bela em fotografias, pois que ao vivo é imensamente assustadora.
Assustador mas tão grandioso!
O fascinio em mim sempre foi maior que o medo.
Lembro as trovoadas de verão na serra algarvia como algo grandioso, quase mágico. (muito diferente do ressoar numa grande cidade)
...lembranças...
Incrivelmente belo.
Adoro tempestades.
No fundo também sou um pouco tempestuosa.
cSD
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