Wednesday, July 11, 2007

Variações sobre águas espelhadas


Cada olhar tem uma dimensão própria, diversa, distinta; e nem sempre é o mesmo, o percurso que vai do olhar ao ver.

Mal seria se todos olhássemos as coisas pelo mesmo ângulo; certamente um sinal estático de estarmos aqui pelo facto de nos terem posto neste lugar colectivo.

O meu lugar é um lugar comum: o lugar dos olhos; lugar de coisas visíveis e de outras que são reflexos; ou reflexões; ou representações.

Mas nem sempre os reflexos do lado de dentro passam pelo semear das letras e nem sempre a sementeira faz germinar aquilo que não chegou a ser lançado à terra.

Tudo está, pois, no lançar dos olhos, havendo os que vêem melhor pelo lado de dentro; e os que não vendo, escutam os ecos; e ainda os que ficam a olhar as águas.

Às vezes o olhar dilui-se, espelhando a espera.

9 comments:

addiragram said...

Uma complexíssima reflexão poética sobre a não menos difícil saga dos encontros e des(encontros) de olhares. Partir do "lugar dos olhos", lugar elementar e primeiro, será mesmo assim, partir do lugar dos teus olhos. Eles contém enfoques únicos ,mesmo que ainda sem outros reflexos ou reflexões... Se a eles se junta o dentro, a letra torna-se mais espessa
e única,e a dança que ela esboça por vezes, sem ainda sem a conhecer, salta como um lugar que ganha vida própria, oferecendo-se
às mais diversas intercecções dos olhares. Aquelas que às vezes também são precisas ao leitor para que ele possa, também, fazer nascer
uma outra história sua...
Olhar o olhar do outro é mesmo uma tarefa "impossível"!
Um beijinho para ti.

addiragram said...

Ressalvo:... e a dança que ela esboça, por vezes sem ainda a conhecer, salta
como um lugar que ganha vida própria,oferecendo-se às diversas intercepções dos olhares. Aquelas que também são precisas, por vezes, ao leitor para que possa desenvolver uma
outra história sua...
Olhar o olhar do Outro é mesmo uma tarefa "impossível"!

CNS said...

Mas não teimaremos nós em só querer deixar germinar os olhos onde nos impõem?

bjs

Espaços abertos.. said...

Por vezes olhar o outro torna-se impossìvel,existem barreiras que transcendem o nosso querer,a nossa possobilidade.
Bom fim de semana
Bjs Zita

wind said...

Caramba, o que fazes com as palavras, baralhas e tornas a baralhar e depois ando às voltas para reflectir no que escreves!
Beijos

eduardo said...

Bom dia.
O meu olhar poisou por aqui também, vindo de uma conversa com um amigo comum, o António.
Agradou-me o espaço e as palavras escritas, aliadas à sua voz que ouvi mesmo há bocadinho, e já estou a imaginá-la.
O retrato, esse, fica comigo. Mas devo acrescentar que é encantador.

Zé "Prisas" Amaral said...

Vim pelo mesmo caminho e acho que ficava bem lá no nosso Jornal algumas Palavras em Linha.

A rapaziada sentia-se melhor pelo que aqui já lemos.

Contamos consigo, Professora.

Anonymous said...

A diferença não está no objecto que olhamos, mas sim no olhar que cada um de nós coloca nele.
Gostei de paasr por cá!
Bjs

Claudia Sousa Dias said...

a frase é um punhal.

CSD