Tuesday, February 27, 2007
Monday, February 26, 2007
2. casa
uma vez senti que ela respirava ao meu ritmo, que se entristeciam as paredes quando eu deixava deslizar as minhas costas e os braços caídos até ficar sentada nos mosaicos sem horizonte; uma vez os degraus inverteram-se e as telhas foram chão e o céu ficou à vista; uma vez senti devolver-se o grito quando o julgava abafado no canto mais distante das ruas que me levam todos os dias para me trazer de volta ao fim da tarde; uma vez fugi e levei comigo tesouros que depois devolvi ao lugar desenhado a quatro mãos, na esperança de renovar a esperança; uma vez fiquei aqui como se fosse para sempre no espaço crescente onde ressoa o eco de passos que partem;
lá fora há um jardim que floresce em cada Primavera e eu em cada Outono morro um pouco; e, no entanto, os olhos que passam detêm-se e contemplam a beleza.
Sunday, February 25, 2007
Thursday, February 22, 2007
já o sol desperta
Foi ela que forneceu a imagem e pediu um texto:
Wednesday, February 21, 2007
Questões de tempo

Às vezes faltam-me as palavras; outras vezes, muitas vezes, ficam presas na garganta, à espera de voz que as pronuncie.
Sem voz é mais fácil porque elas saltam e soltam-se.
E aqui estou articulando palavras escritas, ao som das teclas; dialogando com uma folha de papel virtual que amanhã se apresentará como real aos olhos de quem por aqui passa.
É claro que podia dizer apenas “até amanhã”, mas as palavras saltaram e eu não as travei.
Thursday, February 15, 2007
Tuesday, February 13, 2007
Fora de horas

Adormeço de olhos abertos sobre a mesa onde os papéis descansam de mim. E assim fico, direita no eixo da vigília, até despertar das imagens ou dos desejos cada vez mais indefinidos, escondidos debaixo de algumas letras que repito desconexamente.
Mesmo em dias tempestuosos, transpirando sob o frio que gela a casa pelo lado de dentro, adormeço nos gestos e nos olhos ainda abertos mas sem noite que os faça descansar. As paredes são iguais todos os dias e eu, de olhos abertos sobre a mesa onde as folhas dos livros me rejeitam a vontade, forço contas de cabeça em volta de parcelas apagadas pelo tempo.
Deito-me todos os dias fora de horas e às vezes, de olhos abertos mas sem parar para pensar, dou comigo sem sentidos porque os perdi na busca de razões para que o mundo seja este girar contínuo de interesses que nunca são os que interessam, enquanto as pessoas se batem e se combatem por convicções que as viram de costas umas para as outras. E também se abatem na necessidade de confronto.
São poucas as horas do dia e é pouco o tempo para aquilo que verdadeiramente é importante, parecendo que a importância está nos argumentos da afirmação falível.
São poucos os dias em que não me deito fora de horas, fora de mim; e se o desejo permanece é porque se alimenta desta vontade de passar para além da realidade e negar aos olhos e ao entendimento a aproximação precoce do crepúsculo.
São poucos os dias em que permaneço inteira. Deito-me fora muito cedo e antes de cair a noite vou rebuscar as peças para me enformar mais uma vez, colando-me.
Monday, February 12, 2007
Valeu a pena

Embora o país não seja um mas dois (vejam aqui), vá-se lá saber porquê (um dia destes escrevo sobre as explicações histórico-geográficas das diferenças), alguma coisa de positivo saíu deste folclore que foi o “antes”. Veremos agora como será o depois.
«A decisão de abortar é profundamente pessoal e privada e o Estado não deve impor uma moral»,disse a presidente das Mulheres Socialistas Europeias, Zita Gurmai, aqui.
E agora mudemos de assunto…