Sunday, March 07, 2010

Palavras (ainda) com chuva

foto de Elipse
Já se inclina para mim a melodia
embora o lastro pese ainda, trágico, incómodo, flagelante
e as palavras tenham chuva sobre as sílabas
dizem os poetas que as águas cantam os amores e correm calmas
mas nem sempre as janelas se abrem sobre os jardins;
às vezes o verso é demasiado profundo e cava
a própria natureza grita e as pedras rugem
a lembrar que abaixo há ainda a humana condição
e só depois a madrugada;
ou o uivo das folhas que o vento arrasta antes de derrubar as pontes
e só depois o regaço onde se curam as feridas.

10 comments:

Nilson Barcelli said...

Escreves poucas vezes, mas quando o fazes...
Sim, este poema é magnífico, querida amiga. Gostei imenso.
Um beijo.

Claudia Sousa Dias said...

e qanto anasiamos nós pelos beijos do zéfiro da Primavera...


csd

CNS said...

Palavras de chuva miúda. Da que escorre nos dias que antecedem Março.
Que o cinzento também é belo :)

Mónica said...

a chuva tem destas coisas, além de se confundir em francês, também lava e tb destroi o q lhe impeda a passagem :D

mfc said...
This comment has been removed by the author.
mfc said...

O regaço... a que costumo também chamar colinho, é o lugar onde as angústias (todas elas) se apaziguam.

costa simoes said...

É acreditando nas rosas que as fazemos desabrochar
Autor: France , Anatole

Vale sempre esperar madrugadas e aguardar regaços .

Um Bj.

addiragram said...

Sem palavras. Deixo-me envolver pelos sons. Bem chegada!

Nilson Barcelli said...

Já vi que não escreveste mais nada... pois "nem sempre as janelas se abrem sobre os jardins"...
Querida amiga, bom fim de semana.
Um beijo.

ivamarle said...

as feridas por vezes demoram a curar, mas encontrarás sempre um regaço nas palavras...