Pego em todos os poemas do mundo e solto as rimas; pego depois nas rimas ouvindo-lhes a cinza; sopro-lhes tinta fresca e pego depois em mim, presa nos versos e digo alto a dor que finjo sentindo-lhe os dentes ácidos quando o gelo se espalha pelas ruas ao fim da tarde.
Digo também das mil sílabas que li nos livros enquanto cessava o canto, noite dentro; e do desejo descarnado que costumava rimar com harmonia para poder, disfarçado, agredir-me no silêncio e deitar-me neve sobre as mãos.
Tenho poetas presos às páginas, guardados nas estantes; prendo-lhes as palavras junto aos afagos, mesmo as mais duras ou as que vestem de luto, por precisarem da doçura das mãos quando a noite começa.
Prendo as palavras que o vento teimosamente me retira e me atira, agitando-me a firmeza contra a torrente dos dedos, quando os dedos querem escrever o que a tristeza sopra para dentro da voz calada.
Modifico depois os registos e refaço; varro lamentos, renovo a tinta, acrescento-me de ousadas virtudes e se calo é porque nem todas as rimas podem ser sopradas pelos ventos. Por isso afago-as em palavras novas e pinto o sol em todas as manhãs.
Digo também das mil sílabas que li nos livros enquanto cessava o canto, noite dentro; e do desejo descarnado que costumava rimar com harmonia para poder, disfarçado, agredir-me no silêncio e deitar-me neve sobre as mãos.
Tenho poetas presos às páginas, guardados nas estantes; prendo-lhes as palavras junto aos afagos, mesmo as mais duras ou as que vestem de luto, por precisarem da doçura das mãos quando a noite começa.
Prendo as palavras que o vento teimosamente me retira e me atira, agitando-me a firmeza contra a torrente dos dedos, quando os dedos querem escrever o que a tristeza sopra para dentro da voz calada.
Modifico depois os registos e refaço; varro lamentos, renovo a tinta, acrescento-me de ousadas virtudes e se calo é porque nem todas as rimas podem ser sopradas pelos ventos. Por isso afago-as em palavras novas e pinto o sol em todas as manhãs.
15 comments:
A receita perfeita para um texto lindo.
reviravoltas das palavras, que rimando ou não são o que temos para nos dizermos!
E como isso custa, às vezes... dizermo-nos!
e senti essa pintura do sol todas as manhãs.
Elipse, gostas!?... dos elogios qu'aqui te fazem.
A luta diária pela Vida, com as palavras por companheiras!
Com palavras belas
também se resiste
Linda a tua prosa poética!
Beijinhos
HOJE E AMANHÃ
Verdade! Jogamos com palavras para rimar,
escondemos as rimas e fazemos poesia...
por isso escreveste para nos encantar,
este texto, com toda a tua magia...
XIssssssssssss
Mesmo sem rimas
as palavras podem cantar
muito bom!
nice blog ;-)
É verdade, uma receita outonal que sabe bem disfrutar.
que lindo este sol que pintaste
beijos
mais uma obra prima.
belíssima.
CSd
E teces telas de palavras. Fios de poemas. Lindos.
um beijo
Na escuridão abandonamos as angústicas para na luz se manifestar a esperança e alegria.
Muito bonito, tal como todos os outros :)
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