(para a Vanessa e para a Catarina, que choram a morte do Bruno; e eu com elas...)
Ferra os ossos como um cão raivoso esta dor que se enterra no peito, nos olhos, na carne toda e arrepia a pele de cinzento e névoa. Névoa nos olhos e revolta nos dentes cerrados. Cinzento o dia, também; cinzenta a terra, gelada, pesada; cinzento o bater da pá contra a terra, a tapar a tapar…
Ferra os ossos como gume esta dor rubra, faca espetada no entendimento e a mãe sem sentidos de tanto a sentir na alma e nós ali sem forças nas pernas nem gestos nas mãos para dizer adeus; o mundo parado e lágrimas, lágrimas…
Ferra os ossos esta dor que apaga, uma a uma, todas as letras da palavra aceitar porque ontem ele tinha um sorriso nos olhos e agora fica ali sozinho, o dia a gelar a noite e a terra a cair cinzenta sobre os seus olhos fechados. E nós sem sabermos o caminho de regresso à vida.
Ferra os ossos como gume esta dor rubra, faca espetada no entendimento e a mãe sem sentidos de tanto a sentir na alma e nós ali sem forças nas pernas nem gestos nas mãos para dizer adeus; o mundo parado e lágrimas, lágrimas…
Ferra os ossos esta dor que apaga, uma a uma, todas as letras da palavra aceitar porque ontem ele tinha um sorriso nos olhos e agora fica ali sozinho, o dia a gelar a noite e a terra a cair cinzenta sobre os seus olhos fechados. E nós sem sabermos o caminho de regresso à vida.
18 comments:
elipse. choro um pouco contigo.
das perdas.
do luto que estala a ferver.
choro contigo. abraço. beijos
afasta de mim esse cálice!
que nunca há consolo.
beijos
O meu silêncio porque não há nada que console por ser tão penoso "o caminho do regresso"!
Força!
Respeitoso silêncio!
não há palavras, que descrevam o sentimento de perda que temos pelos "nossos"... o que leio... dor imensa...
beijinhos
Bem posso admitir que o seu texto me emocionou...ao mesmo tempo que o ia lendo, imagens reais foram aparecendo mais uma vez na minha memória, acabando eu por derramar gotas de água (Chamadas essas de lágrimas) cheias de dor. È complicado e difícil sim, não o vou negar, custa bastante perdermos uma pessoa marcada de uma certa maneira na nossa vida. È difícil esquecer "aquele dia", estávamos todos à espera que ele acordasse, e que isto não passasse apenas de um pesadelo… ai esperámos…esperámos...até ao último momento, até ao momento em que tudo acabou! Que posso eu dizer, a vida não é e nunca será justa!
Bj
Obrigado por este testemunho que eu também compartilho e mellhor não seria capaz.
J.P
Diz o povo que pesar alheio não se sente senão meio; talvez por isso a melhor palavra seja um abraço de silêncio.
Afectuosamente
É sempre terrível o sentimento de perda de alguém que fez parte da nossa vida.
E tudo o que os outros disserem, poderá ajudar, mas nunca poderá desfazer esse sentimento.
...mesmo em tão penoso cenário, ainda encontras palavras para gritar silenciosamente uma dor que se quer a toda a força, soltar...
...e ainda mais pétalas. agora de
rosas.
cor-de-rosa!!!
Beijo e abraço que só o tempo transforma a dor numa memória doce da vida.
PALAVRAS como as tuas são um esteio para que se encontre o caminho de regresso.
O meu abraço a todos os que choram esta perda.
O Bruno tinha 16 anos.
Não acordou de manhã. Foi embolia pulmonar.
A gente pensa, quando isto acontece, que podia ser o nosso filho. Pensamento egoísta, talvez... porque certamente que nenhum de nós consegue sentir a dor da mãe ou a do pai ou a dos irmãos.
Só a adivinhamos, de longe, na nossa dor.
Nunca entendemos a morte! É algo que nos é estranho... no entanto faz parte da vida!
Ah! Mas a morte de um filho nosso...
Afasta de mim esse cálice! como diz Chico Buarque e a Maria.
Um beijo grande Elipse.
Um beijo, com toda a minha solidariedade e afecto, Elipse querida.
CSD
Ah!
Esqueci-me de dizer...
Da dor, garavada nas palavras, nasceu um dos mais belos textos da tua vida...
Mas não traz consolo.
Beijo grande, mais uma vez
CSD
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