Friday, December 29, 2006

a propósito da restauração da autoridade...



A harmonia entre a mulher e o marido depende (…) quasi completamente da mulher, é a encruzilhada de onde irradiam as estradas importantíssimas da educação racional dos filhos, da boa direcção da casa, da economia do casal e do bom senso na solução de todos os problemas domésticos.
(…) a obrigação da mulher é ceder ao marido (…) não se apaixonará pelas suas ideias, mas tentará compreender com a melhor boa vontade o raciocínio do marido e segui-lo, conservando sempre toda a serenidade.
(…) o homem, que chega de fora cansado, triste, desalentado, encontrando em sua casa a placidez, a tranquilidade que a mulher cria em volta de si, (…) não pode deixar de sentir um fundo reconhecimento (…)”.

A Moda Illustrada, Ano XXXI, nº 1062, 14 de Junho de 1909, p. 6

17 comments:

asdrubal tudo bem said...

da maneira que isto anda é só uma questão de anos até ser precisamente o oposto.

... said...

Actualizemos o texto:
Se o José Carvalho Pinto de Sousa fosse homem e o povo mulher andariam os filhos sem rumo; assim, estão no poder!!
Que 2007 tenha 365 dias a 24 horas cada um; para cada um: TUDO de bom mas APENAS o que o próprio sentircomo tal(de outro modo: lembra-me as crianças açoitadas para "teu bem, um dia vais perceber")!
Esperança para 2008: terá mais um dia!!!!!!!!!

~pi said...

"não pode deixar de" é satânico.é um jogo de perversidade pura. se o coitadinho deixa de...bem...

e depois, curioso, o marido triste fundamenta-se no princípio que o trabalho seria motivo de grande e fatal...tristeza! bíblico!!!

bem, meninas, deixemo-nos de conversa e vamos lá consolar os maridos! andam a descuidar-se ou quê???

Elipse said...

não fosse eu da História e não saberia distanciar-me o suficiente para saber contextualiar a fala que citei. Percebo que em 1909 o pensamento dominante fosse assim expresso e nada de questões, ponto final.
não fosse eu ser pensante e não perceberia que o mundo tem uma rota circular (ou elíptica?), pelo que, em espirais sucessivas, anda-se à volta do mesmo assunto mas com outros olhos (OUTROS: piores ou melhores, não é isso que está em questão).
não fosse eu cidadã europeiea e não perceberia que há medidas que são necessárias, a bem da sustentabilidade (que rica palavra esta!)de todos e de cada um de nós.
No resto, o que sobra é que sou portuguesa - "má sorte ter nascido puta" - e por essa razão é que um certo tipo de discurso me atemoriza: restaurar a autoridade não levará a 1909 mas levará certamente aos anos 30...

Anonymous said...

asdúbal há que reconhecer que as mulheres são seres superiores.

Elipse said...

Fausta, não te metas; qualquer tipo de excesso é indesejável, no que toca a este assunto.

Anonymous said...

ok, mas acho que a luci tem razão... bóra lá consolar os homens!

Anonymous said...

Desejo-te um Ano 2007 repleto de saúde, amor, alegria e muita Paz.
Que seja o Ano de todas as tuas realizações pessoais.

Um abraço...até ao próximo ano.

asdrubal tudo bem said...

Fausta não me custa nada reconhecer que muitas mulheres são superiores a muitos homens em muitos aspectos acho que aí estou de acordo contigo mas como diz a elipse calma e nada de fundamentalismos.

Maria Arvore said...

Esta mentalidade tem uma época. Voltar a ela no dias de hoje seria acreditar que recuámos às condições sociais e económicas do início do século XX. E se calhar é por isso que hoje orgulhosamente algumas mulheres dizem "sou mãe a tempo inteiro", camuflando a mesma ideia numa roupagem modernaça.

E depois, avessa que sou a qualquer tipo de autoridade, a não ser a que eu concedo a outros em termos de conhecimento, apenas posso defender que a conjugalidade seja um lugar de partilha mútua.

Mesmo que o futuro reserve um aumento do desemprego em massa, recordo-me sempre do exemplo de um casal na faculdade, com um filho, que em cada ano estudava um, enquanto o outro trabalhava.

~pi said...

pois, é de 1900, mas anda muito por aí.
mais do que se imagina à primeira vista!

diferentes os contornos(umas pitadas de "modernidade", ninguém está livre!), um bocado estragadito e envelhecido, mas...de bengala e outras coisas mais pesadas (facas e assim) na mão!

é como aqueles seres mutantes dos filmes, que quando parece que já morreram mil vezes, renascem noutro formato!

aliás, "a coisa e seus derivados" manda não sei quantas (que se descuidam, ai, ai!!!) prá morgue todos os anos...bem, sem contar com as que vivem já na morgue. essas não contam pró efeito.

peciscas said...

É por essas e por outras que ainda há por aí muita gente com saudades do "antigamente"...

Anonymous said...

ahahahahahah
ai,que ainda me engasgo...

Anonymous said...

Cruzes, Credo!
Arreda p'ra lá Satanás!

mfc said...

Ora nem mais...
Mas porque é que não aproveitam estes belíssimos textos para começar a ensinar as nossas crianças?!
... o mundo seria muito melhor!

(Vou fugir que deve vir aí uma chuva de tijolos!!!)

Fatyly said...

Se tivesse vivido nessa época era condenada à morte por fugir a todas essas regras autoritárias.

Há comentários que puseram-me os cabelos em pé e embora respeite por ser "opiniões" penso...como é que misturando alhos com bugalhos um país vai mais além!

ivamarle said...

e que tal mostrar ao menos esse reconhecimento?...apesar de não me queixar, mas conheço muito boa gente que o faria