Todos os dias sinto que o tempo se subtrai a um todo antigo e no entanto tudo parece ter acontecido ontem, tendo sido há décadas. Décadas são intervalos de duração prolongada, quando ainda se está no lado de trás do fio esticado. Para a esquerda a.C., para a direita d.C., linha infinita, sem sinais de começo a não ser o toque do giz na pedra. O fim é o resultado da subtracção, embora se acredite sempre no prolongamento das horas sobre os dias e sobre os meses e sobre os anos.
Todos os dias a materialidade das operações numéricas me surge como afronta e no entanto os ponteiros do relógio prosseguem o seu curso trazendo invariavelmente a noite antes das manhãs. Noites são desperdício, são horas subtraídas à parte do fio que ficou no lado da frente.
Todos os dias me parecem começos de fios rasgados ou mãos que ensaiam nós para remendar o avesso de um todo antigo dividido em décadas. Décadas são ciclos de curta duração se nos colocamos em observatório piramidal abarcando superfícies alagadas de tempo.
Todos os dias relativizo a minha existência em função de um todo. Mas não esqueço a minha dimensão em nenhum dos dias.
Todos os dias a materialidade das operações numéricas me surge como afronta e no entanto os ponteiros do relógio prosseguem o seu curso trazendo invariavelmente a noite antes das manhãs. Noites são desperdício, são horas subtraídas à parte do fio que ficou no lado da frente.
Todos os dias me parecem começos de fios rasgados ou mãos que ensaiam nós para remendar o avesso de um todo antigo dividido em décadas. Décadas são ciclos de curta duração se nos colocamos em observatório piramidal abarcando superfícies alagadas de tempo.
Todos os dias relativizo a minha existência em função de um todo. Mas não esqueço a minha dimensão em nenhum dos dias.
16 comments:
E porque não uma manhã depois da noite?:)
Com este texto baralhaste-me toda, juro. A esta hora já está com muita filosofia para mim:))) beijos
é a mesma coisa, wind... depois lês com menos sono, LOL...
Pirata, estou a fazer por isso!
Não há todo sem a parte. A noite também faz parte do todo, só que por vezes somos demasiado pequenos para abarcar o todo e temos, naturalmente, que nos contentarmos com uma parte.
É inelutável, faz parte da natureza humana querer sempre abarcar tudo.
É verdade, o tempo é longo. Circular para a visão que é sempre curta. Escher como tu, tu como Escher a procurarem ver o tempo e o espaço do lado de fora. Como se os pudessem ter na palma da mão. Vontade de estar acima do real. Vontade de estar acima da vacuidade do real. Deuses, portanto. Insatisfeitos com a temporalidade...
descreveste uma melancia de grandes dimensões e que jamais conseguiria comê-la de uma só vez!
Como tal serei sempre "A parte de um todo", porque tudo? seria estúpida!
Beijos
Reli e pelo que percebi, todos fazemos parte de um todo, mas o problemas é que (e agora vou divagar) o todo é maior que as partes:) beijos
Ou as partes são maiores que o todo? Viste? Baralhaste-me:((((
O todo, para mim, aqui, é uma coisa infinita que se chama tempo cronológico. Foi nisso que eu pensei quando estava a escrever.
Porém, as interpretações ficam para quem lê e desse ponto de vista o que é que não é possível Wind?!
Ora pirata... é a fita de mobius... e eu gosto dela porque me serve exactamente para mostrar que é possível ver-se no real o que se quiser... embora a face seja só uma (na fita).
Beijinhos.
o chazinho é em Aveiro?
eu gostei das formigas
:)
para um pirata-vermelho-"enigma" nada como uma "fita de mobius" com...com...scones:):):)
Beijos e um BOM FIM DE SEMANA em Aveiro!
Começos de fios rasgados ou cerzir entre o passado e o presente esse tecido do sonho que é terra de ninguém.
"quando ainda se está no lado de trás do fio esticado."
acho que sei a que te referes... e mto bem, até.
por isso mmo, convém não esquecermos a nossa dimensão!
É engraçado falares do tempo, de estar à direita ou à esquerda do da linha, dos dias como inícios de pequenos fios, e pores como ilustração uma representação da banda de Mobius, por M.C. Escher. Uma vez que ela não tem principio nem fim. Anda-se por dentro e por fora da banda, tal como as formigas, num circuito interminável.
É interessante ver como algo tão simples de fazer como uma Banda de Mobius, pode ser tão complexo.
(Quando fôr grande quero desenhar como o M.C. Escher!!!)
e isso é o mais importante: ter a consciência do "EU", na sua diminuta dimensão...
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