
Tudo metido entre as asas ensanguentadas de uma gaivota morta: o sentido da existência, a dificuldade das relações entre as pessoas e entre o dinheiro e as pessoas, o isolamento rural que finge ser bucólico mas enlouquece, o talento e a falta dele, o conflito entre o novo e o velho que é um conflito de forma e de conteúdo, o egoísmo, o engano, a ilusão, e expectativa, o desânimo. E o desejo de cada um e de todos que é o desejo de felicidade. Ou antes, o direito à Felicidade.
Questões escritas por Tchekov no século XIX que são ainda as questões de sempre, num texto límpido, luminoso e clarividente.
Mas talvez o escritor não tenha de anotar num caderninho as palavras ou as frases para depois lhes dar uso.
Mais uma vez e sempre… o sentido da criação.
A genialidade de Tchekov toda condensada num gesto. E a nós … o dever da reflexão.
Palavras longas e muito bem ditas pelo grupo da Cornucópia, encenado por Luís Miguel Cintra.
3 comments:
Todo o génio é actual!
E o que é essencial... é perene.
Não conheço esta peça. Acho q só vi "As três irmãs". Mas a Cornucópia, ai as recordações que aguardo. logo a primeira, "O Pai" de Strindberg. eu devia ter 18 ou 19 e era a primeira vez que via um clássico - sentada num sofá e com uma manta sobre as pernas. a plateia era assim, sofás velhos, cadeirões. fazia frio na sala e eles aqueceram-nos. as mantas foi só o princípio.
o teatro aquece sempre.
Mas percebo-te. Andava ainda no liceu quando a minha professora de português trouxe a uma sociedade local o "colega" Cintra com o seu grupo. Ele ainda era magrinho, mas lembro-me dos olhos, menina, que olhos e que voz... já lá vão tantos anos e ainda é o mesmo.
Bem... o Tchekov é mais antigo... lol... mas continua BOM.
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