
Do cumprimento dessa obrigatoriedade deviam os párocos das freguesias passar certidão, que seria apresentada às autoridades no momento do embarque.
Acontecia, em algumas viagens, alguém ter um sonho premonitório. Dizia tratar-se de um aviso de Deus e procurava-se o sacramento da penitência como salvação.
Realizavam-se, ao longo da viagem, novenas e trezenas em devoção a Santo António, S. Francisco de Xavier, Santa Helena, S. Joaquim, Santa Ana, Senhora das Brotas, Anjo da Guarda ou outro. Os ofícios religiosos eram realizados com todo o rigor do ritual católico, incluindo sermão, vigílias, procissão com flagelantes, penitências e confissões.
Em momentos de desespero, perante o naufrágio, todos se colocavam sob a protecção da virgem e prometiam nunca mais voltar a pecar. E quando nada mais restava que a perspectiva do fim, podia morrer-se de braços abertos para o retábulo de Maria, fixado no mastro grande, porque morrer é o destino do Homem.
7 comments:
.....uma certeza histórica....
Beijinho e bom dia
o misticismo de outras épocas. Mas havia de facto união religiosa numa cega obediência em volta do sentimento de "culpa"! Um horror!
E se fosse hoje? hummm imperaria a vontade de meia dúzia de clubes dos tais que gosto tanto:( que se enchem à custa de lorpas!(desculpa o desabafo)
Gostei muito!
pois, isso explica mta coisa...
cada um morrerá frente ao seu retábulo, que começou a construir desde o nascimento : a própria morte...
À sombra do misticismo cometeram-se as maiores barbaridades e fizeram-se grandes negociatas... e continuam a fazer-se!
Perante o naufrágio iminente, todos prometiam não voltar a pecar e a verdade é que quase todos cumpriam (porque morriam). Claro que se houvesse sobreviventes, eles depressa se esqueceriam da promessa. Há coisas que não mudam. O que mudou ao ler este texto foi a minha cultura geral: já tinha ouvido falar muito em novenas mas não sabia que existiam trezenas (pelo nome, suponho que seja a mesma coisa, mas com treze pessoas).
assim rezam as crónicas, mac
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