Wednesday, March 22, 2006

culpas sem valor

E não me venhas falar de culpas, que já me desgastei em penitências bárbaras sem olhos que me vissem ou mãos que me agarrassem no caminho.

Fala-me antes de prazer que a vida é esse vestido em tons de cinza deslavada se não se encontra a arte de inverter o curso imundo das coisas consentidas.

E não me digas que devia fixar-me em coisas simples, que outra coisa não desejo há décadas, incapaz de baixar os olhos para a leveza das marcas na areia mesmo sabendo que é esse o trilho.

Diz-me antes que também posso encontrar satisfação noutros lugares mesmo que a aridez dos caminhos me retardem a vista das coisas complicadas. Hei-de chegar-lhes.

7 comments:

mfc said...

Não tenhas dúvidas... e não precisas de escadas para lhes chegares!
Basta que estendas os braços.

ivamarle said...

hás-de chegar-lhes , concerteza; embora o caminho seja por vezes rodeado de penumbras ou de pedras afiadas de tão solitárias...

Maria do Rosário Sousa Fardilha said...

conhecemos todos este tortuoso caminho ;)

antónio paiva said...

.....não, não te venho falar de culpas, venho falar-te de sensibilidade, de criatividade, que são tuas, os caminhos são teus o que queres ou não experimentar é contigo.....

Beijinho

Anonymous said...

Esta Elipse é uma personagem nostálgica.
Vamos entendê-la como fazedora de estilo... em registo trágico.
Digo eu!

Anonymous said...

Quando se escreve isto...até o morto ressuscita. Nem mais!
Caramba até eu fiquei melhor!

K. said...

Muito bom.