Wednesday, March 01, 2006

Que fazer?

"A formação dos alunos para a cidadania (...) A tomada de consciência da personalidade própria e dos outros, a participação na vida da comunidade, o desenvolvimento de um espírito crítico, a construção de uma identidade pessoal, social e cultural instituem-se como eixos fundamentais nesta competência. Estes factores implicam a promoção de valores e atitudes conducentes ao exercício de uma cidadania responsável num mundo em permanente mutação, onde o indivíduo deve afirmar a sua personalidade sem deixar de aceitar e respeitar a dos outros, conhecer e reivindicar os seus direitos, sem deixar de conhecer e cumprir os seus deveres. Trata-se, em suma, de levar o indivíduo-aluno a saber viver bem consigo e com os outros".
(do programa de Português)


"Ora, os jovens, na fase de desenvolvimento em que se encontram durante a frequência deste nível de ensino, necessitam de referentes seguros que lhes permitam interpretar as realidades sociais que com eles interagem; que proporcionem fios de inteligibilidade entre as grandes questões nacionais e os problemas decorrentes de uma globalização cada vez mais envolvente; que se constituam como apoio para as escolhas que inevitavelmente terão de realizar. Nesta perspectiva, a História, cujo objectivo último é, afinal, a compreensão da vida do homem em sociedade, configura-se como uma disciplina de eleição"
(do programa de História)



Ao fim de alguns anos de trabalho gratificante...
... estou quase a render-me!

Alguém sabe dizer-me porquê?



17 comments:

Thiago Forrest Gump said...

Aqui a educação vai mal das pernas. Culpa dos políticos!

Rosalina Simão Nunes said...

render?!...nunca.

em relação aos programas e àquilo que eles dizem...ainda um dia gostava de conhecer os "cérebros" que os fazem. devem ser educadores de sucesso!
ehehehehehehhehehe

eu, pelo menos, confesso que se os fizesse não seria tão ambiciosa.

é que eu estou lá todos os dias...

Anonymous said...

Pela minha experiência e na minha modesta forma de ver, a educação não vai mal,a culpa não é só dos politicos, a culpa e o o mal está na maioria dos pais entregam a educação aos professores sem se preocuparem que a escola é um complemento de casa e vice-versa.
A história repete-se mas hoje damos aos filhos o que não nos deram a nós, não interessa os motivos, mas uma birra, um exigir dantesco é motivo de troca para que não nos xateiem e tenhamos momentos de sossego.
Devemos acompanhar a educação, os programas de educação, mal ou bem é o que há, fechar a TV, dialogar, inter-agir respeitando o seu espaço mas estar atento e fazer sentir-lhes as regras.
Ser professor é isso, mas muitos desistem, despejam a matéria e missão cumprida...porque é desesperante lidar com mil situações cujos pais??? pluffff estão-se nas tintas. Mas se há uma atitude rigida dum professor...aqui d'el rei, tadinho do meu filhinho.
Há uma frase dum psicólogo que diz: o meu filho é o melhor filho do mundo, mas todos juntos são uma cambada de macacos.
Não te rendas a nada e há que seguir em frente e se está mal...muda-a no teu dia-a-dia, porque nos programas impostos há muitas formas de matar pulgas e a educação...vem do berço!
Desculpa a extenção.

Anonymous said...

só para arrematar: os programas são feitos por meia dúzia de homens, utilizados e postos em prática por milhares de outros...e se realmente a sua vocação é de ensinar...pode e deve mudar muita coisa. Tal como pais...Conheci professores dedicados e conheci alguns desinteressados porque foi a única via de emprego.
Dizemos tá mal, mas no terreno não se muda uma vírgula.

antónio paiva said...

.....para cada questão, várias respostas possíveis, normalmente a culpa é sempre do outro, a rendição só deve ser efectuada, perante evidencaias enequívocas.....

Eridanus said...

... talvez afinal não fosse tão gratificante... ou talvez seja um erro esperar que o seja...

«A infelicidade da espécie fala num tom urgente ao homem sensível, e o aviltamento da mesma num tom ainda mais urgente; o entusiasmo inflama-se e um desejo fogoso impele, impaciente, as almas vigorosas a passarem à acção. Mas ter-se-à ele interrogado se essas desordens no mundo moral ofendem a sua racionalidade, ou não magoarão elas antes o seu amor-próprio? Se ele ainda não o sabe, reconhecê-lo-à pelo ardor com que insiste em obter resultados precisos e acelerados. O puro impulso moral está orientado para a incondicionalidade; para ele o tempo não existe, e o futuro torna-se para ele em presente, logo que tenha de desenvolver-se necessariamente a partir do presente.Perante uma razão que não conhece limites, a orientação equivale à consumação, e o caminho terá sido percorrido mal tenha sido iniciado».

(Schiller, in "Sobre a educação estética do ser humano numa série de cartas")

... mas claro, viver nestas alturas tem que se lhe diga...

Elipse said...

Sim, os pais entregam à escola os meninos, mas não os entregam para serem educados, entregam-nos já mal educados e mal orientados (bem... confesso que às vezes nem são os pais... esses nem se sabe onde estão...)e quando os meninos mal eduados já são crescidos há pouco a fazer para além de evitar ficar como eles (meu deus o que eu estou aqui a dizer!), por isso Fatyly obrigada pela tua opinião.
Quanto aos programas. isso é outra conversa, mas aí nem eu sei o que dizer!
Mas há evidências inequívocas... uma delas é que não sou de pedra e tenho muita dificuldade em saber o que é certo e o que é errado neste universo que é a escola. Uma coisa sei, contudo, é que nada é incondicional.
Assunto para muitas reflexões, porque a escola está dentro da sociedade e as mudanças estão a ser muitas e muito rápidas. E nem todas para melhor...

Anonymous said...

de facto elipse não é fácil saber o que é certo e errado no mundo que é a escola, nem na sociedade em contante mudança, porque o que funciona para A dá inverso no B sobretudo retóricas ou e lições de moral!
Deverás proceder com a tua consciência e para além de integra, jamais te vergues e verás frutos. Baixar os braços é que nunca!Força:)

peciscas said...

Como eu te compreendo colega!
Nos dias que correm, a frase que mais uso nesses contextos é "Quero lá saber!".
É triste, é amargo, mas é uma questão de sobrevivência.

Mónica said...

os programas são contraditórios, confusos, exigentes demais? tou farta desse discurso, façamos honestamente o melhor que podemos dentro da nossa sala de aula (dentro do nosso local de tabalho), o objectivo é ENSINAR é passar informação válida (o objectivo é fazer bem).
Já aprendi sem livros de estudo, já aprendi com professores que falavam pretuguês ou russês, já estudei com colegas a fumar charros na sala, já estudei com colegas com fome na sala, porque é que não havia de aprender/sobreviver? porquê que havia de ser tudo fácil...

queres o meu patrão??

isto é uma critica aos meus ex-colegas professores que compram/vendem tupperwares na sala dos professores, lêem o jornal, mostra aí o teu crochét, o benfica tá a jogar mal...dizem que xatisse tá a tocar vamos lá ao que tem que ser...que xatisse aturar os pais dos meninos...que xatisse usam piercings...que xatisse têm telemovel...que xatisse não saber fazer mais nada senão dar aulas!!!!!! digo eu!

desculpa o desabafo

:-)))

Mónica said...

os meninos são os nossos filhos com a educação que lhes demos ou não demos...
dentro da sala de aula há o professor e os meninos com deveres e direitos reciprocos...
se isto não é verdade foi o que sempre fiz!
o melhor que há é conviver com gente nova cheia de energia irreverência, esperança, ódios, descontrolos hormonais, agressividade, olhos bem abertos à espreita do primeiro deslize do prof... heheheh
e dar-lhes a volta!
contar-lhes a maior patranha e eles acreditarem, a matemática é uma seca, amanhã não faço teste vou apanhar as batatas, leitoras da maria, ir pras obras dá dinheiro, pois é tudo verdade mas esta fórmula resolvente é mais bela!

dasse!

que abuso!!!!!! desculpa

Elipse said...

definitivamente... cada um sabe do seu trabalho e dos seus aborrecimentos.
eu não sei dos teus e tu não sabes dos meus. eu devo precisar de conhecer o teu patrão e tu precisavas também de estar uma semana dentro de uma escola.
há diálogos impossíveis.

Rosalina Simão Nunes said...

elipse, não há "diálogos impossíveis", há pessoas impossíveis.

"O paradigma da mudança repousa na iluminação dos detentores momentâneos do poder que, possuídos de uma divinal chama, decretam e despacham a toda a hora as mudanças. E estas ocorrem, fatalmente, no dia decretado. Por sua vez, o paradigma da melhoria assenta numa acção humilde, determinada e persistente de cada escola, envolvendo sobretudo professores, alunos e pais que, partindo da análise das suas fragilidades e potencialidades, ousam estabelecer e percorrer compromissos de melhoria gradual. A primeira via gera irresponsabilidade, a segunda sustenta-se na responsabilidade."

Joaquim Azevedo (Público, 30.12.2005)

Mónica said...

a regra na minha profissão é quem se vende por menos!
a do meu patrão é quem rouba mais!

dois conceitos que se esqueceram de me incutir qdo me preparei para a profissão

quem faz programas tal como quem faz decretos-lei é "puro" não anda cus cornos na vida real

mas tens razão cada profissão tem os seus nós!

Anonymous said...

Li todos comentários e peciscas "O Quero Lá Saber (por sobrevivência ou não)é uma frase que em todas as profissões nunca deveria existir.
Sabia e sei que a vida de prof não é fácil, começando pelas deslocações, o facto de não ganharem raízes onde são colocados(julgo q agora já mudou) faz com que muitos prof e alunos digam..."Quero lá saber". Enquanto encarregada de educação, QUIZ SEMPRE SABER, e vi prof que nunca deveriam existir e alunos bem dificeis. A m filha apanhou um programa em que os melhores alunos seriam inseridos em turmas de piores até aberrantes alunos. Tudo bem...e no 2º periodo dois rapazes incendiaram os estores da sala, resultado? suspensão de uma semana p todos. Foi aí que eu, sózinha QUIZ SABER SIM, fui ao M. da Educação e só saí de lá com um papel que iria mudar o figurino.
Os dois tiveram a suspensão e o resto não. Consegui ou não? Ela tirou o curo de bioquimica graças a um prof de quimica(10º,11º e 12º) que lhe fez a vida negra pela positiva porque dizia que ela ia longe.De facto e doutourou-se o ano passado enfrentando mil e uma entraves, mil e um programas terríveis, mas jamais com desânimo, porque partia a fuça numa tábua FATYLY.
A m profissão foi ligada à justiça, um novelo de mil pontas em que Laborinho Lúcio cortou-lhe muitas, mas desapareceu de cena!
Não desanimem, não se calem, não baixem os braços e dêem o que melhor sabem, sem desanimar em prol das nossas crianças e jovens o futuro de Portugal.
Um beijo grande e especial a quem é professor.

Rosalina Simão Nunes said...

caro pirata vermelho, infelizmente, às vezes, só mesmo com expressões populares...pensei que "para bom entendedor, meia palavra" bastasse. lamento o meu lapso por não ter escrito toda a expressão, que era: "elipse, não há "diálogos impossíveis", há pessoas impossíveis", leia-se, impossíveis de aturar.

mfc said...

Dói, sim!
... mas vai continuar, alegremente!