Sunday, February 05, 2006

Cliohres.net - TWG6 meeting


Havia todo um conjunto de questões ligadas às historiografias de cada país. E nem aí os conceitos eram os mesmos, embora a linguagem encontrasse tópicos comuns e pontos de contacto. Foi curioso ouvir russos e húngaros ligados a concepções de raiz marxista ou, pelo menos, reportando-se a essas perspectivas de abordagem como fazendo já parte da História.
Curiosos também os estudos dos grandes movimentos populacionais que os eslovenos mostraram com mapas e números.
Mas a maioria situou as pesquisas nas tendências imperialistas que o velho continente manifestou ao longo da História, quer em períodos expansionistas, naturalmente importantes para a compreensão do presente, quer exactamente no presente, sendo aí privilegiada a visão das heranças coloniais. Para o bem e para o mal.
Os belgas pareceram apreciar o (seu) património colonial desmontando-o à luz de uma visão antropológica naturalmente construtiva. Os espanhóis deixaram a visão do eu e do outro em imagens interactivas, lembrando, com muito humor, as distorções que certa história às vezes força esteriotipando países e populações (lembrava-se a identificação do espanhol com o toureiro a partir de Gustavo Doré).
Os ingleses não abandonam, em circunstância alguma, a sua postura egocêntrica e dominadora menosprezando todos os outros períodos e espaços coloniais. E eles existiram.
Também tivemos o nosso e a minha questão reside aí: como é que o reino mais rico do mundo ocidental se via a si próprio por alturas da sua “idade de ouro”? Como se afirmava perante uma Europa que circulava por Lisboa em busca das mercadorias cujo monopólio nos foi permitido pelo desenho concretizado da Rota do Cabo? E como passou, na historiografia portuguesa, a visão do reino e do rei? Uma imagética que o século XIX exultou e que o Estado Novo dimensionou como doutrina. E que depois a mudança desvalorizou, quando falar em descolonização era falar em revolução e vice-versa. Terei de explorar esses ecos.
Questões abertas quando se procura em grupo, estudar as relações entre a Europa e o Mundo.

Depois há o confronto. Ou os confrontos. A frieza dos europeus do Norte em contraste com as conversas mais soltas dos Ibéricos que interagem com palavras que soam bem. Mesmo à mesa ou à volta da diversidade de cervejas belgas, as diferenças coexistem embora se dissipem com a climatização dos interiores. Do lado de fora o frio e a humidade escurecem as construções. Porém, não lhes retiram o brilho.
Gostei de Ghent. Mas estou cansada.

7 comments:

Maria do Rosário Sousa Fardilha said...

fiquei com mais luzes sobre o tema da tua tese. interessante e ambiciosa! obrigada pela tua síntese de conteúdos e impressões. welcome home!

bj

Mónica said...

não percebi qual era o assunto do encontro, era um encontro? havia assunto? colonialismo? eslavos? explica-me!

Mónica said...

queria ter cá vindo dizer que não stressasses com a cena das "manias" mas pronto tu já respondeste... também tens os olhos de duas cores??? vermelho e outra?
;-)))

mfc said...

Se gostaste de GHENT, ias adorar BRUGGES que é uma cidade encantada. Brugges é toda ela como o centro histórico de Ghent e cheia de canais.

Viste como correu tudo lindamente?
Os portugueses como tu ainda dão cartas...

Mushu said...

Gostei de "fazer parte" de uma pequena parte. ;)
Viu como a nervoseira era à toa?
Welcome back.

ivamarle said...

isto é areia demais para a minha camionete...

Mónica said...

ó pirata vermelho kés porrada?