Não sei se é isto que é ser português, mas falávamos todos a mesma língua numa casa forrada a xistos, mesa farta e lareira acesa que lá fora, depois do sol ter caído atrás dos montes, o frio arrepiava os agasalhos e colava-se às pernas, enquanto os pés tentavam equilibrar-se no escuro. O
Armando sabia de muitas coisas e
a fábrica não parava de produzir informação. A
Luna, matreira naqueles olhos vivaços de mulher-mastro, puxava conversas embaraçosas (risos) enquanto os da casa, no lado mais masculino, se iam esquivando às respostas; A
Mushu carinha-de-sorriso distribuiu champagne, entre cigarros e graças e a
Lima deitava simpatia pelos olhos. Nisso nenhuma das irmãs lhe ficou atrás: distintas, filhas dos mesmos braços que se abriram aos amigos, puseram calor na noite; a
Iva mais do que isso, deixou-se ver por dentro quando falou dos seus mimos – e é bonita. Ficaram-me retratos de beleza, de uma beleza nascida ali no agreste da paisagem e cultivada em abraços de família que se junta e se gosta. E de quem se gosta.
O
Manel tinha trazido flores – outra coisa não seria de esperar de um cavalheiro que deu provas da sua natureza sábia. E o
Finúrias revelou outras provas – as da
máquina fotográfica, as de uma sensibilidade muito fina e pura e as provas … do bolo de chocolate!
O
Ivo partiu cedo e levou-me o olho direito, embora não o pudesse trocar pelos olhos lindos da Andreia porque as paixões são egoístas, felizmente. Fico à espera para ver o resultado.
Fim-de-semana em Dezembro, com as cores do Outono e o frio do Natal, porque tudo ali se misturou. Também o bacalhau da ceia e o espírito do acolhimento próprio das terras da Beira.
A mim ficaram-me as Palavras, lembrando-me que fiz, este ano, um
Desafio ao Outono, depois de outros, carregados de
folhas caídas. Para trás ficaram
retratos antigos e
variações no Verão.
8 comments:
Ainda só passaram algumas horas, e já estou com saudades !
Um dos mais belos encontros que já alguma vez tive...
Beijo
Foi lindo sim senhor. E que lindos olhos lá estavam, mas os mais lindos obviamente que são os da minha Andreia...
Certamente que se irão repetir por muitos anos estes encontros... Juntou-se um grupo espectacular e as expectativas que tinhamos uns foram claramente superadas e quando assim é...
Ainda bem que me cruzei com umas palavras tão alinhadas, para conhecer quem tão bem as manuseia e dispõe.
Acho que nasceu aqui uma bela amizade, que espero se prolongue até que as palavras nos faltem e que os gestos se esqueçam de existir.
Os elogios foram fartos, merecidos e sentidos!
As manas e cunhados e a matriarca, sabem receber como pouca gente. Mas faltou o elogio a uma pessoa (sei que é sempre difícil e não fica bem falar-se de si).
A "Palavras em Linha" com as suas palavras sempre certas, as análises lúcidas (nada a que já não estejamos habituados)e o espírito folgazão, foi a novidade da linda festa, já que os outros já eram gente conhecida na sua maioria.
Um beijo.
BOM DIA!
Parece ter sido divertido! Mas, ai! Coitadinhos dos exilados, sempre diluidos na distancia e na ausencia... snif!
Boa semana de palavras lindas!
Abracicos!
Estou com muitíssimo trabalho porque ontem passei o dia a dormitar mas tenho ainda tempo antes de arregaçar as mangas, para dizer apenas isto: Foi um dia inesquecível.
Um abraço.
Ps Tenho uma fotografia muitíssimo boa da "Lady", envio-a esta tarde.
começo a ficar "convencida". tantos elogios.
estou feliz por ter surripiado a ideia de 2 gajas e termos recebido numa casa simples, de aldeia, pessoas assim. e por se adivinharem as qualidades dos coonvivas, só podia dar no que se viu.
um encontro a repetir, é tudo o que desejo.
Um beijo grande.
A tua descrição faz sentir, a quem não pôde lá estar, o calor da amizade e da hospitalidade que lá se viveu.
Tenho a certeza que será´para continuar!
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