Wednesday, November 16, 2005

Vem aí Poesia



I
Deixo, em cima da mesa, um caderno em branco onde possas guardar,
Sempre que queiras, coisas da ordem do incomunicável ao próximo.
Depois da morte, voltaremos ambos a estas páginas
E procuraremos renascer no apagar das palavras.


II
O prédio está em silêncio, no seu repouso
Erigido à beira da estrada.
Sou capaz de imaginar alguma brisa,
Folhas de arbustos a correr assustadas.
No quarto ao lado, tu, adormecida e ausente,
Em sonhos. Levanto-me e apalpo
O trajecto reconhecido, a luz apagada.

(...)

VIII
Olho o poema, não me entendo na decisão do seu início.
Talvez o poema não comece exactamente na primeira palavra.
Talvez devêssemos virar tudo isto ao contrário.


IX
Deixo, em cima da mesa, um caderno em branco,
O meu recado. Vais fingir que eu nunca existi
E eu não vou voltar a procurar como dizer
Coisas que me doem. Depois da morte,
Talvez.

Luís Filipe Cristóvão



E se fôssemos todos a Torres Vedras, no dia 26 de Novembro à Livraria Livrododia, para cumprimentar o poeta?

3 comments:

Tino said...

Não seria má ideia não senhora!Obrigado pela tua visita e claro que adorei os teus poemas,aliás como sempre e a votação foi exactamente por isso :)
Beijinho grande***

deep said...

não vou poder ir mas "Deixo, em cima da mesa, um caderno " com um obrigado pela partilha...

Toze said...

Não vai dar...