Monday, September 05, 2005

Sem máscara

Mas sem máscara ficamos cristalinos.
Cristal transparente deixa ver as vísceras. As vísceras são feias na transparência da pele sensível. São frágeis também. Mostram os processos no seu desenrolar íntimo.
Sem máscaras ficamos quebráveis. Vidro fininho que estala sob o calor do sol ou sob o granizo que se escapa de uma nuvem. Temperaturas inversas, súbitas, são fontes de dano irreparável. O vidro quebra e os restos aguçados ficam expostos à passagem das mãos.

Sem máscara ficamos apenas com as mãos para tapar os olhos, nos dias em que eles se recusam a ver.
Ou nos dias em que não queremos ser vistos.

No comments: