Tuesday, October 18, 2011

Discurso proferido em 27 de Abril de 1928, no acto da posse de Ministro das Finanças.

Agradeço a V. Exa. o convite que me fez para sobraçar a pasta das Finanças (...). Não tomaria, apesar de tudo, sobre mim esta pesada tarefa, se não tivesse a certeza de que ao menos poderia ser útil a minha acção, e de que estavam asseguradas as condições dum trabalho eficiente. (...)

Esse método de trabalho reduziu-se aos quatro pontos seguintes:

a)que cada Ministério se compromete a limitar e a organizar os seus serviços dentro da verba global que lhes seja atribuída pelo Ministério das Finanças;

b) que as medidas tomadas pelos vários Ministérios, com repercussão directa nas receitas ou despesas do Estado, serão previamente discutidas e ajustadas com o Ministério das Finanças;

c) que o Ministério das Finanças pode opor o seu «veto» a todos os aumentos de despesa corrente ou ordinária, e às despesas de fomento para que se não realizem as operações de crédito indispensáveis;

d) que o Ministério das Finanças se compromete a colaborar com os diferentes Ministérios nas medidas relativas a reduções de despesas ou arrecadação de receitas, para que se possam organizar, tanto quanto possível, segundo critérios uniformes.

Estes princípios rígidos, que vão orientar o trabalho comum, mostram a vontade decidida de regularizar por uma vez a nossa vida financeira e com ela a vida económica nacional. Debalde porém se esperaria que milagrosamente, por efeito de varinha mágica, mudassem as circunstâncias da vida portuguesa. Pouco mesmo se conseguiria se o País não estivesse disposto a todos os sacrifícios necessários (...) Eu o elucidarei sobre o caminho que penso trilhar, sobre os motivos e a significação de tudo que não seja claro de si próprio; ele terá sempre ao seu dispor todos os elementos necessários ao juízo da situação.

Sei muito bem o que quero e para onde vou, mas não se me exija que chegue ao fim em poucos meses. No mais, que o País estude, represente, reclame, discuta, mas que obedeça quando se chegar à altura de mandar.

(...)


4 comments:

Elipse said...

... não é para assustar. É só para que se faça um exercício simples, do tipo "veja as diferenças"...

A mim andava-me na ideia uma das frases "sei muito bem o que quero e para onde vou"...

Foi quando ouvi o outro...

Mónica said...

"nunca tenho duvidas e raramente me engano" :DDD

este discurso é notavel, estou a perceber q a auto-confiança do salazar é q cativou os portugueses, tipo "eu sou bom", uma notavel arrogância.

não conheço o discurso da comparação. nos tempos q correm tamos a precisar de alguém com mais do que bom senso, alguém q tome conta das finanças dos portugueses pq os portugueses já mostraram q qdo se apanham de redea solta têm as mãos muito largas a gastar, n sabem tomar conta da economia domestica

Elipse said...

pois é, Mónica! O problema é quando as pessoas desejam ardentemente alguém que venha salvar o país! É mais do que um perigo!

Mónica said...

é triste, qdo o povo n se sabe governar e tem esse desejo ardente. mto triste, isto n é ironia. é uma especie de imaturidade colectiva.