Wednesday, May 13, 2009

Vestidos de pedra

foto de Elipse

Demoro-me nas linhas das palavras, secas as letras, lento o rastejo.
Demoram-se-me os gestos, mais do que seria de esperar, na dimensão dos verdes e nos espectros que os enleiam. Ignoro os nomes das coisas e o texto enrola-se. Presença inútil a da música.
Petrificam-se as emoções; e a espuma dos sonhos, macilenta, térrea, despida de substância, é pedra igual.
Os ângulos dos dedos ferem a coragem; não há paz nem na sombra, nem nos claustros.
Roça a dor na demora dos gestos; fio de meada enleada, larva em casulo seco, veludo desbotado. Pedra.
Inquieta-se a lucidez, fermenta o rasgão no espelho, perde-se a semântica dos sentidos.








8 comments:

Claudia Sousa Dias said...

na tua vertente mais poética lembras-me a Lídia Jorge.


csd

Elipse said...

Tu não imaginas, Cláudia, como isso é para mim um elogio dos maiores!

mfc said...

A lucidez fere-nos!

addiragram said...

O silêncio e a inquietação são sementeiras de novas formas, novos sentires e novas palavras.

Fatyly said...

Formas de ser e estar...

Fá menor said...

O tempo vai petrificando a vida...

Bjs

Marta said...

amei. mais uma vez.

beijo

Espanta Sono said...

Os olhos cravaram-se nas palavras e não respirei. Ainda bem que o texto não é longo. Gostei muito. Muito.