Sunday, November 30, 2008

entrando em Dezembro...

Tamara de Lempika

Não me dêem flores nem tecidos vermelhos.
As flores envelhecem em jarras depois do momento em que aqueceram as mãos.
As cores vivas alegram as noites e depois gelam, caídas pelo chão.

Antes não as ter …

Prefiro a realidade bruta das palavras, a cólera dos acentos agudizando a voz, o engaste da sílaba na frase espontânea, o gemido abraçado ao frio da madrugada, a banalidade que tilinta suave nos ouvidos, o murmúrio soprado sobre a luz de uma vela, o lugar-comum enraizado no espinho da inquietação ou o dizer acenado no instante da partida.
Não há flores que preencham os espaços gelados do silêncio.


15 comments:

Mar Arável said...

Os silêncios

também podem ser floridos

Anonymous said...

Parabéns ... também pelas flores.
Até os silêncios ... podem trazer calosos perfumes!!!
Parabéns: por todos os textos.
Silenciosamente ... me escondo, em flores!

Anonymous said...

Tá um gelo: "calorosos" em vez de "calosos"!!!

Fatyly said...

Por vezes fazem-nos tão bem esses silêncios que valem por mil floreados.

mfc said...

Esses espaços não são para serem preeenchidos. São para termos saudades das coisas boas!

Fabulosa said...

e eu que sempre quis que alguém me oferecesse flores... =)

CNS said...

Nada floresce no gelo...

um beijo

Leonor C.. said...

Os espaços gelados e silenciosos não podem ser preenchidos pelas flores. Não gosto do inverno, não gosto do frio nem da chuva e, muito menos dos silêncios gelados sem palavras de conforto.

Beijinhos

HOJE E AMANHÃ

Espanta Sono said...

Não são as flores nem os tecidos que substituem o carinho de que tanto gostamos.
Beijo

Claudia Sousa Dias said...

pois não, minha querida.

Não mesmo.


Um abraço apertado.


CSD

addiragram said...

As flores, quando acontecem, são como "palavras em botão".Saibamos guardar, lado a lado, as palavras e as rosas.

K. said...

Que bonito, e sentido. "Não há flores que preencham os espaços gelados do silêncio"... talvez haja, talvez haja. :)

Anonymous said...

Estranho!... Nunca havia ouvido falar de Tamara de Lempika. De repente, em dois dias, ela me aparece duas vezes...
Mais estranho ainda, reconheci-a tão logo vi a imagem, tanto me marcou a primeira impressão...
Obrigada pela beleza do post.
ABÇos

Anonymous said...

Achei tão espetacular que indiquei no diHITT

Elipse said...

MDuval, não consigo ter acesso ao seu blog. Pena!
E o que é o diHITT?