Quando escreveres a história não lhe acrescentes finais felizes. Bem sabes que a felicidade é coisa de um momento, não mais. Finais felizes são ambições anteriores à consciência do desejo. Além disso tudo fica excessivamente floreado, rondando aquele fraco gosto dos romances do cordel.
Não, não estou a dizer que para ser literário tem de ser dramático mas se ficcionas tens de ser completa, tens de converter em atractiva a banalidade; a realidade não é suficientemente convincente, como sabes.
Podes dizer que ela anteviu a aventura e por isso atravessou os céus.
Não digas que se meteu no avião em busca da juventude que o tempo estava a gastar depressa demais. Se o disseres parecerá demasiado chorada a história, a raiar a lamechice.
Nem precisas de dizer que deixou escrito aquele papel explicando as razões. Isso dará à personagem um carácter calculista e não se pretende que a perspectiva seja a do excessivamente pensado. Ela agia por impulsos, dizem, sempre amarrada à força das emoções. É assim que deve aparecer a protagonista e nunca a mulher que a racionalidade tornou adulta cedo de mais.
Um final feliz pareceria coisa de romances. Sim, era de um romance que se tratava, ambas sabemos. O romance de uma vida a perder-se no labirinto intenso das contradições; e o romance que escreverás a propósito, se tiveres fôlego para uma história composta, regrada. Mas não digas dessa maneira, que as palavras podem desabar. Ela pode ter feito o percurso exacto para o tal momento, mas tens de construir a trama.
E diz, no fim, que regressou a casa consciente da importância do desejo.
Não, não estou a dizer que para ser literário tem de ser dramático mas se ficcionas tens de ser completa, tens de converter em atractiva a banalidade; a realidade não é suficientemente convincente, como sabes.
Podes dizer que ela anteviu a aventura e por isso atravessou os céus.
Não digas que se meteu no avião em busca da juventude que o tempo estava a gastar depressa demais. Se o disseres parecerá demasiado chorada a história, a raiar a lamechice.
Nem precisas de dizer que deixou escrito aquele papel explicando as razões. Isso dará à personagem um carácter calculista e não se pretende que a perspectiva seja a do excessivamente pensado. Ela agia por impulsos, dizem, sempre amarrada à força das emoções. É assim que deve aparecer a protagonista e nunca a mulher que a racionalidade tornou adulta cedo de mais.
Um final feliz pareceria coisa de romances. Sim, era de um romance que se tratava, ambas sabemos. O romance de uma vida a perder-se no labirinto intenso das contradições; e o romance que escreverás a propósito, se tiveres fôlego para uma história composta, regrada. Mas não digas dessa maneira, que as palavras podem desabar. Ela pode ter feito o percurso exacto para o tal momento, mas tens de construir a trama.
E diz, no fim, que regressou a casa consciente da importância do desejo.
7 comments:
converter em atractiva a banalidade; a realidade não é suficientemente convincente.
Sim é isso, ela simplesmente atravessou os céus porque anteviu a aventura.
Gostei:)
P.S- Gostei muito da partilha da tua viagem lá longe, portas, janelas, rostos, cheiros e tudo mais...
O "Regresso" merece ser cantado , está perfeito para letra de uma música, talvez pegue na viola e a cante :)))
Beijo
Fantástico e o Toze já deu toda a musicalidade.
Tu és um enigma...!
:-)
CSD
... que é o que afinal nos comanda!
O final de uma história é também, muitas vezes um momento. Feliz. Ou talvez não. A felicidade de um final depende das mãos de quem o ecreve e também dos olhos de quem o lê.
Um beijo
sem final, como naqueles filmes que tudo está em aberto para a parte II
Adorei.
Pois, tudo o que é real nem sempre tem um final feliz.
:)
beijinHos!
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