Friday, October 19, 2007

quadrantes e luas em cruzamentos quase possíveis


Era a propósito dos quadrantes; os do vento e os da vida, que os quatro cantos de tudo são sempre a possibilidade esquartejada, tendo em conta a unidade impossível.
Era possível ter sido diferente, pelo menos na contingência dos “ses”, sendo eles os caminhos excluídos e, só por isso, os que se adivinhariam a alternativa perfeita. Ou a diferença poderia estar nesta consideração, decalcada da rosa-dos-ventos e por isso limitada ao rigor das quartas partes, sendo a vida mais do que isso.
Quatro vezes excluí de mim o quarto crescente. Nem sempre fui voluntária mas, avaliação feita, cruzaram-se o mal e o bem, como se cruza o céu com a terra ou a lua com as marés.
À primeira foi como perder um membro. De vantagem apenas a robustez da cicatriz. Ponto quase final.
Depois a paz, brisa – não vento – a entorpecer até ao excesso. Sossego inquieto depois de quase perfeito.
A meio, a exigência de torvelinhos enviesados, vulcões vindos de dentro, ânsias recalcadas, ousadia, desafio quase completo.
Depois o quarto céu, a zurzir num cais ventoso, quase real.
Assomaram ainda algumas orientações colaterais mas não me lembro do sopro.
O mais, foram quartos minguantes.




10 comments:

xeremias said...

A mim foi antes um sol que nasceu depois de uma longa noite que escurecera lentamente; deu-me o meu dia mais longo, e mesmo depois de se pôr ainda sinto nos olhos a cegueira do excesso de luz.

addiragram said...

Jogamos um jogo de que conhecemos só uma infinésima parte...

Fatyly said...

"Na contigência dos "ses"...oh rosa-dos-vetos"...a vida é esse mudar constante num mundo´em constante descoberta.

Beijos escitora!

Anonymous said...

É...Ler devagar retomando a luz aumentada desde esta nova, pelo crescente até ao cheio... com admiração pela poesia e pela forma.
Obrigado pelo teu blog.

Anonymous said...

Ai o que eu gosto de vir aqui.

Nem tenho palavras.

mfc said...

Não é só a Lua que tem as suas fases!

eduardo said...

Atrevia-me a dizer que podemos inventar todas as luas que quisermos. Fazer renacer todos os sóis que encontrarmos.

Mas são apenas divagações de quem se senta à mesa dum café tomado à pressa. Talvez à espera que os quatro cantos limitados se esfumem no assopro de um cigarro.

Coisas que os sinais dos tempos levam demasiadas horas a encontrar. Ou apenas palavras que se tornam difíceis de explicar.

Rosario Andrade said...

...é isso! A tua escrita. Cintilante e lunar. Enfeitiçante!
Bjicos

José Manuel Dias said...

Uma escrita que nos cativa e nos transporta pelos saberes e pelos sentires.

Claudia Sousa Dias said...

Gosto sempre da lua quando está cheia...


:-)