Wednesday, August 29, 2007

Combatendo as sombras

Roma

Antecipo agora o nascer do sol completando as sílabas
Apago também os silêncios repondo a direcção nas asas
E lavro textos sobre jardins acabados de plantar

Recuso deitar-me hirta em lençóis de marés passadas
Planto musgo fresco sobre tapetes de folhas ressequidas
E sorvo o cheiro manso da neblina sobre ruínas entretidas

Invento estações novas para ultrapassar a rapidez do tempo
Digo ao espelho que espere apenas mais um pouco

E transpareço, nua, ao som da voz que sopra nos meus olhos

16 comments:

addiragram said...

Apetece cantar o amanhecer! As folhas ressequidas e mortas não têm outro destino senão o de serem, realmente, enterradas. Um beijinho por este raio de luz-

mfc said...

São lindas palavras que alegram quem as lê.

rui-son said...

Espero q as mercidas férias tenham corrido bem e que tenhas relaxado muito.
É sempre bom ter-te de volta e ler-te de novo.
Quanto ao texto está fantástico como sempre, muito sensorial, gostei.

CNS said...

e fiquei aqui, sorvendo esse verde-húmido de musgo fresco. Estes teus poemas feitos de tempo.

um beijo

peciscas said...

É sempre bom quando nos recusamos a parar no tempo e no espaço.
Ficar hirto e imóvel é passar ao lado da vida!

ivamarle said...

o tempo de repouso trouxe-te de novo a leveza que colocas nas palavras, bendito o descanso que te fez tão bem ;-)

Nilson Barcelli said...

Do melhor que tenho lido em poesia nos blogues.
Parabéns pela qualidade com que escreves.
Bfds, beijinhos.

Fatyly said...

Magnífico...e tão suave!

Luís Maia said...

O autor(a) deste blogue

É bonzinho

Ando a fazer uma pesquisa pelos meus poisos preferidos

ver a minha tese

http://ostiodoseurocs.blogspot.com/

Anonymous said...

Pareces que andaste perdida.

As férias sempre me ajudaram a ganhar forças

Anonymous said...

Pareces que andaste perdida.

As férias sempre me ajudaram a ganhar forças

Anonymous said...

Respiro contigo o nascer do sol sorvendo as sílabas
Semeio até nos silêncios bebendo a esperança das tuas asas
E espero que as rosas cresçam nos jardins que vamos plantando

Deleito-me em sonhos de marés vivas e profundas
Respiro musgo fresco sobre tapetes de flores renascidas
E sorvo o cheiro manso da neblina sobre ternas arqueologias

Descanso em estações novas para segurar a rapidez do tempo
Digo ao espelho que não espere nem mais um pouco
Porque danço, nua, ao som da voz que sopra nos teus olhos

(plágio)

SoNosCredita said...

"Invento estações novas para ultrapassar a rapidez do tempo
Digo ao espelho que espere apenas mais um pouco
E transpareço, nua, ao som da voz que sopra nos meus olhos"

lindo final!
:)

~pi said...

sorvo as sombras

e desenho a carvão

a letal pureza

dos traços

no espelho


...

José Manuel Dias said...

Bom regresso!

Claudia Sousa Dias said...

Regressaste no teu melhor!

Beijinho


CSD