Thursday, June 28, 2007

Suspirando...


Raramente usei este espaço como lugar de contestação social ou de qualquer outra natureza. Talvez o tenha feito uma ou outra vez, desabafando queixumes relativos à minha actividade de professora e ao desagrado que em certos dias isso me causou (não, não é verdade que tenha deixado de gostar do que faço, mas há uns dias piores que outros, como na vida de todos os profissionais).
A personagem que criei para escrever aqui é demasiado virada para dentro para se interessar pelas coisas que movem o jornalismo, que se vai fazendo ao sabor daquilo que é mais mediático e, como tal, que pode render mais às empresas de comunicação e difusão.
Porém, eu interesso-me. Mas não preciso de criar nenhum outro espaço para o efeito. Estou a usar este, exactamente hoje, depois de ter estado sentada diante da televisão a ver as notícias do país e do mundo.
E o que vi e ouvi assustou-me:
As leis do trabalho estão a mudar de uma maneira estranha. Para quem o tem, claro!
O Ensino Superior tem, a partir de hoje, novas regras (bastou a aprovação da maioria, claro). Teremos empresas de ensino a formar os futuros alunos.
Uma directora de serviço foi hoje demitida do seu cargo por não ter retirado um cartaz jocoso a propósito de declarações do ministro da saúde. Antes, como se lembram, tinha sido um professor, destacado numa Direcção Regional.
Depois há ainda o caso Portugal Profundo - take 2 - tendo António Balbino Caldeira sido ouvido hoje em tribunal a propósito de umas coisas que escreveu. Mas já tinha havido o take 1 - há uns tempos, por causa de outras coisas escritas, nessa altura a propósito do (quase) esquecido caso Casa Pia. Segundo o próprio, quatro anos de blog deram origem a quatro processos.

Então, quando me preparava para dar voz à Elipse, à espera que saísse um dos seus textos poéticos, fiquei assim...

10 comments:

Toze said...

E a caravana passa...

Não adianta estar assim Elipse !

peciscas said...

É claro que, perante o estado de coisas a que vamos chegando, este tipo de desabafos acaba por brotar da pena que se preparava para escrever outras palavras.
Se calhar, até tem de ser assim, pois a continuar esta escalada de intolerância e de contenção da liberdade de expressão, qualquer dia as palavras deixam de poder estar em linha com a liberdade indispensável para que fluam sem muros e barreiras.

addiragram said...

E é de ficar, mas não ficar só pelos "suspiros"! A revolta e a indignação activa são sinais que não devemos deixar de passar cá para fora ou, não tarda nada, o Passado entra-nos porta a dentro...Por isso obrigada pelos teus suspiros e pelo teu protesto que subscrevo inteiramente.wafrb

jorge esteves said...

Nesta coisa que se apelida de Democracia (Borges, dizia-a 'um claro abuso da Estatística'...), há, por isso mesmo, uma ferramenta que lhe vem agarrada: sondagens. E, se aceito uma, também aceito a outra. Para o bem e para o mal. Ora, as sondagens dizem-nos que o Governo 'governa' sem obstáculo à vista, ou seja, as sondagens dão-lhe maioria absoluta se hoje houvesse novo acto eleitoral. E, assim, nada há a obstar. Como diz o povo 'cada um faz a cama onde se deita'...
Filosofia minha...
(embora eu ache, cada vez mais, que os seguidores de Sócrates são, na verdade, sócretinos; filosoficamente falando, claro...)

mfc said...

É....este Portugal está mesmo a ficar globalizado!

Fatyly said...

A suspirar de raiva é que não vale a pena ficar e não nos leva a lado nenhum, mas deitar cá para fora sem nunca silenciar, como é óbvio sem absurdos palermas como já li em vários síios.

Isto serve para abrir a pestana a muitos e talvez daqui a dois anos, senão for antes o cenário irá mudar!

Um beijo garota!

Boop said...

Nas curvas da tua elipse adivinham-se lugares para estes e muitos mais pensamentos!!!

Erecteu said...

Nem a Elipse é de pau, são tantas que às tantas...

ivamarle said...

...e não é para menos...

Claudia Sousa Dias said...

Pois é querida Elipse!

Não adianta a genter barafustar.

Mas também é difícil ficar calada.

Até porque temos o direito de nos manifestarmos e de nos exprimirmos.

embora haja quem queira fazer crer que não.

CSD