Os mais novos podem sempre dizer que foi assim, mas não estiveram lá.
Sim, é o passar do tempo e toda a História se faz de relatos; mas os factos são manipuláveis, dependendo da intenção ou até da emoção de quem o faz.
Para mim, há uma verdade. Aquela que testemunhei porque estava perto. E... dar vivas à Liberdade fazia tanto sentido!
Por mais que tente não consigo explicar aos mais novos o que era viver sem ela. Não há termo de comparação para eles...
9 comments:
Desse dia relembro as educadoras da "creche" a comentarem o que se passava nas ruas, e nós, um monte de miudos que não chegavam às janelas, a imaginar o filme, com tanques e soldados em guerra pelas ruas de Lx.
Foi um dia giro... de nada valeu mas isso é outro dia.
Não vale a pena explicar o que são dores provocadas por sapatos apertados a quem nunca os calçou.
Toma lá um cravo e um beijo
Como de nada valeu?
Valeu a liberdade!
Tens razão, vês? não se consegue explicar.
Repito com umas pequenas correcções:
Os susurros que amarrávamos entre os dentes/o sonho do que "nunca"iria acontecer/a vontade, indomável, de partir/a cor cinzenta que nos entranhava/a música qu ouvíamos em segredo/o receio da palavra que escapara/a guerra que era a "glória" dos cobardes/o sonho que Verdade se tornou/a possibilidade única de Ser.
Ainda sobram cravos, pelo menos na nossa memória!
Deixo-te um! Beijo
desde que o distanciamento não nos obtuse a forma livre agora de pensar.
e sentir é diferente de explicar o sentir querida elipse, sempre assim foi
Conto o meu conto de espinhos: eu tinha 23 não consegui perceber o que tinha acontecido porque não vivi o 25 de Abril cá e lá, fomos sabendo a conta gotas pelas rádios clandestinas. Só anos depois é que vi as imagens.
Sabíamos que tinha caído o regime. Numa semana tudo que era governamental- FECHADO. Luanda PAROU e ninguém sabia de ninguém tal como um navio que em mar tempestuoso ficou à deriva. Duplicou ou triplicou a opressão, guerra e horrores vindas de...leiam os documentos que estão na net de um tal Rosa Coutinho, representante pós liberdade em Angola que hoje de cara erguida chamo-lhe o Bush pós 25 de Abril!
Ao longo de 33 anos fui lendo histórias que compõem a "história" mas como dizes...a maioria "manipuláveis" e bem longe da realidade vivida em Angola, a coroa das ex-colónias.
É dificil explicar aos mais novos o antes e depois porque de facto não há termo de comparação mas apesar de muitas esperanças de Abril terem caído em saco roto, valeu a pena pela libertade e é nisso que devemos pensar e lutar para manter viva aos mais novos, num testemunho sempre presente que não voltem as mordaças e algemas.
Como? contestanto, contestando e não nos calarmos.
O actual estado da Nação está doente, muito doente...mas ainda não chegou ao estado de coma decorrido de 80 a 86.
Agarremo-nos como nos agarramos para derrubar o regime de Salazar e Marcelo Caetano motivando de novo um povo que actualmente entregou os pontos e só se motiva pelo futebol, pelo péssimo jornalismo já que o resto é o deixa andar.
E se ninguém ouvisse um noticiário televisivo?
E se hoje todos tivessemos ido à AR e pespegar com um cravo na lapela dos do PSD e CDS que existem por ter havido este dia?
E se hoje todos tivessemos invadido os habituais locais dos gastos discursos políticos?
E se hoje...há se eu tivesse 23 anos de novo, havia uma chuva de ovos podres contra os velhos do Restelo!
Amanhã será novo dia e vou dormir com a revolta de ter lido tanto disparate - NÃO AQUI E NOS QUE DEIXEI O MEU COMENTÁRIO - que sinceramente estou cansada mas consigo dizer que um povo unido jamais será vencido, mas aguardo que ESSA UNIÃO NÃO SEJA APENAS PELO FUTEBOL e
gritar VIVA A LIBERDADE!
A independência de Angola devia ter sido dada em 1961, não teriam morrido milhares de jovens e quem sabe se até eu, que não andaria aqui a incomodar-vos a dizer que ainda não somos "uma causa pedida" há o recurso, do recurso, do recurso..até à sentença favorável!
Beijos Elipse e gosto muito de ti!
A História vale sobretudo para os contemporâneos.
Para os outros... é cultura e caldo para experiências, bem como caminhos a evitar ou a seguir.
O maior tributo ao 25 de Abril é não se conseguir explicar que se viveu sem liberdade.
Parabéns pelo post.
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