Saturday, December 02, 2006

(semi) Elipse

É assim que ela me vê... sempre a fazer de conta, mas a sério:

Anda cansada mulher que se custa a aceitar no lugar, feita de impulsos travados e na pena escritos, pena na mão e pena no lado de dentro do peito, a vida a correr e ela a dar aos meninos a aprender tão cansada que está, mulher flor fechada que se deixa regar aos bocadinhos curtos que são bons demais e podem acabar não se pode deixar apanhar, mulher luar na ponte e no rio e no ventre que foi fecundo, e tanto que dá e deu e dor e lamento e a casa a ficar calada, e a mão na mão dele e o corpo sequioso que precisa de se abrir e rir e deixar ir para longe aquilo que não quer esquecer, mas tem que ser, e vai quer queira ou não um dia deixar a chama ave aprisionada levantar voo para fora do peito.

10 comments:

Fatyly said...

Fantástico e palavras para quê? parabéns à autora!

beijos

Claudia Sousa Dias said...

Uau!é para já! Esse voo tem de sair!


beijo

CSD

Anonymous said...

A mão aberta é melhor forma de prender

~pi said...

como às vezes me sinto tu

ou

como às vezes te sinto eu

mfc said...

E uma análise com a qual concordo em muito!

peciscas said...

Que bem se escreve e que bem se sente por essas bandas...

rui-son said...

"mulher flor fechada que se deixa regar aos bocadinhos curtos"

Esta imagem está deliciosa... mas toda a descrição está muito boa.

Anonymous said...

;-)*

Anonymous said...

e obrigado ...a todos
:-)

Anonymous said...

não posso deixar de achar uma leitura muito interessante da tua pessoa.
Acho que ela percebeu a tua essência ;-)