Nos teus olhos me vejo e me revejo ao pôr-do-sol
Sabendo ainda deles a saudade; antes do dia
Era demasiado cedo, eu sei, para te dizer que o gelo
Queimou as pontas das agulhas nos pinheiros
Folhagem despida nos troncos e eu sem mar
Pousada num vulcão aceso à beira a mim própria,
Nada pode existir antes do dia certo, dizem.
E eu de certezas nada mais sei do que um segredo
Calado em sílabas pausadas e depois embrulhado em voz pendente.
Não é que fosse cedo, era muito menos do que isso;
Sem aurora toda a madrugada se estende fria.
E no calor que tarda ou não se mostra
Quando a noite abrevia a exposição à perfeição da luz
A gente não sabe de outra imperfeição que não seja a das horas
Coladas à sombra; nas encostas onde não corre a lava;
É de rocha sedimentada a fantasia dos olhos
Quando eles não se fixam e estão apenas de passagem.
8 comments:
"e eu sem mar
Pousada num vulcão aceso à beira a mim própria"
Gostei muito deste teu poema, mas nem consigo dizer porquê. Fiquemos só pelos sentimentos e deixemos esta necessidade absurda de racionalizar.
Belíssimo! beijos
E eu de certezas nada mais sei do que um segredo
Calado em sílabas pausadas e depois embrulhado em voz pendente.
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muito bonito e comovente!
eu diria quase todos
reconheço-os um a um
um após outro
outro após um
certo...dia
beijo e beijo
"Olhos que passam por nós com gelo dentro" merecem castigo, um beijo apaixonado.
é de tanto olhares as rochas elipse?
E não é isso o que todos esperamos?!
ou quando nos olhamos, como um estranho que descobriu um abismo dentro de si, ficando desde então com os olhos escancarados para dentro...
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