Thursday, November 09, 2006

Arco-íris em paleta de cores

Ao meu filho

Não posso falar aqui de amores sem trazer à conversa o arco-íris na paleta de uns olhos que nasceram atentos aos movimentos imperceptíveis dos planetas. Uns olhos que copiam da linha calma do mar o equilíbrio, e o transportam para a mão certeira que faz sair depois, da ponta de um lápis, a sensibilidade em exigência dura.
Olhos que nascem no coração e se mostram em sorrisos tranquilos. Meus, só no momento do primeiro toque e logo depois em conquista de um lugar no espaço. Luta dolorosa em certos dias já passados e ultrapassados. Esperança minha, barro tirado de mim para ter forma própria.
Ligação apertada, a da palavra com a imagem. Entre mim e ele um laço escrito, estreito, desenhado a pastel sobre seda fresca. Ligação de cumplicidades assente em leito firme.

Ligações de amor incondicional, estas que me prendem a uma Lua e a um Sol em volta dos quais giram os meus olhos. A tentar pôr distância na proximidade, não vá o fio apertar em excesso o jeito de voar que as minhas asas lhes ensinaram.

16 comments:

Anonymous said...

Ai ué senhor que...linda cantiga.

SoNosCredita said...

:)

Anonymous said...

Tão bonito! tão peocupado!
Voará, mais tarde com o seu próprio jeito. Ao princípio doloroso, a sua independência o acto do mais puro e desinteressado amor.

Fatyly said...

"A tentar pôr distância na proximidade, não vá o fio apertar em excesso o jeito de voar que as minhas asas lhes ensinaram."

Li, reli e malditas lágrimas! Saí e voltei agora a ler e a reler...e elipse não tenho palavras, só uma: tocante!

beijos

peciscas said...

A arte envolve, quase sempre ums luta de contornos muito intrincados e complexos.
E, tantas vezes, dolorosos.
Tive um amigo, já desaparecido, que dizia mesmo algo como " a folha branca dá-me sempre uma luta terrível!"

Anonymous said...

Eis aqui para desejar um óptimo fim-de-semana, enquanto aprecio esta página, sempre atractiva, eternamente interessante, continuamente apelativa, por todos os motivos. Um hábito que se tornou imprescindível, claro, porque a qualidade é muita, como se vê neste lindo texto.

Maria Arvore said...

O último parágrafo é incondicionalmente amor e numa escrita tão conseguida que vais ver que só poderá voar.

wind said...

Não vou repetir o que já escreveram:)
beijos

Anonymous said...

Gostei... a beleza da tranquilidade!

Toze said...

a tua paleta, tem palavras únicas...

Gabriela said...

Que dizer mais?!
LINDO!
Para um filho tudo é pouco.
Gabriela

addiragram said...

bonita forma de dizer amor...

ivamarle said...

as palavras, ou melhor: as tuas palavras...
A palavra quer-se humilde e forte, ao mesmo tempo. Infelizmente não tenho o dom da palavra, talvez por isso me dê tanto gozo ler frases bem escritas, palavras bem encadeadas, imagens às quais não faz falta qualquer fotografia.
Duas artes sublimes que muito admiro – se pudesse tinha todos os livros dos grandes fotógrafos como Sebastião Salgado, o único motivo dessa falta é meramente monetário. Mas, dizia eu que a escrita e a fotografia são das Artes que mais admiro e apesar de se completarem, existem cenários em que uma se pode substituir à outra, dada a perfeição com que se evidenciam; nem só uma imagem vale mais que mil palavras, como por vezes, meia dúzia de palavras nos dão uma imagem tão evidente, apesar de subtil, que é como se o quadro se fosse pintando à medida que as palavras flúem...
e quando as palavras são belas, também nos dão um retrato de quem as escreve.
Beijos e muitas (já demasiadas) saudades ;-)

José Manuel Dias said...

Sincronicidade plena...Bjs

Anonymous said...

São maravilhosos estes teus escritos sobre os teus filhos. Faz-me ainda mais pena de não saber o que é ser mãe.

Beijos

Leo

Elipse said...

é só falta de tempo, pirata!
por isso é que fiquei nesta modorra.Não eu... o blog.
O resto vai indo em bom ritmo.

daqui a dias já volto à escrita.

Obrigada a todos pelas palavras bonitas.