Por causa das reflexões dela, aqui.
Não temos que comprar o pano e esperar que a modista trabalhe as formas elas existem feitas para se nos moldarem ao corpo e nos decepcionarem quando não cabemos nos padrões vindo daí o sofrimento de não podermos ser como os outros que por sua vez cabem nas formas mas viram apagar-se subitamente o fogo da paixão que dias antes ardera em prazer partilhado e consumira depois a cabana ainda sem tecto.
Poder dar forma aos dias sem ter de inventar os outros para que a realização pudesse ser real; poder usar todas as formas de egoísmo sem que o fosse ou se lhe assemelhasse por mais que os braços se cruzassem sobre o peito fechando neles o desejo satisfeito.
Não temos que nos fechar sob um tecto de vigas sólidas quando sabemos que aqueles que conseguiram afirmar a transparência das paredes correram o risco da claustrofobia e acabaram por lhe sentir o peso inteiro quando as vigas desabaram e os esmagaram em vez de os protegerem da dor que continuamente combateram com pílulas e outras invenções que aliviam o mal-estar do dia-a-dia que desejavam leve e solto como a corrente de um rio que os levasse ao rumo certo sem que alguma vez tenham sabido o que é certo por inventarem as certezas projectando no outro ou nos outros o que neles pede a forma.
Poder dar solidez a uma casa deixando-lhe as aberturas certas para entrar e sair nas alturas certas sem que os alicerces oscilassem mesmo quando apetecesse mudar a forma e cruzar os braços sobre o peito fechando neles o desejo satisfeito.
Não temos de ficar permanentemente à espera que na vida exista muito mais do que isto ou aquilo a que chamamos sonhos sendo eles nada mais do que coisas de desejo que para tornarmos nossas exige que tenhamos de envolver o outro ou os outros cada um deles com os seus sonhos-desejos inventados também numa medida que devia ser a nossa mas não nos serve vindo daí outra vez o sofrimento de não podermos ser como aqueles que aos nossos olhos são como pétalas que a corrente mansa leva a rumo certo.
Poder usar todos os verbos na primeira pessoa de todos os tempos e modos;
Poder trazer a segunda pessoa ao modo que mais satisfaça sem que isso seja uma forma de egoísmo e dizer que nada foi invenção mas comunhão e que a vida é isto e muito mais sem que falte o cruzar de braços sobre o peito depois de fechar neles o desejo satisfeito...
Poder dar forma aos dias sem ter de inventar os outros para que a realização pudesse ser real; poder usar todas as formas de egoísmo sem que o fosse ou se lhe assemelhasse por mais que os braços se cruzassem sobre o peito fechando neles o desejo satisfeito.
Não temos que nos fechar sob um tecto de vigas sólidas quando sabemos que aqueles que conseguiram afirmar a transparência das paredes correram o risco da claustrofobia e acabaram por lhe sentir o peso inteiro quando as vigas desabaram e os esmagaram em vez de os protegerem da dor que continuamente combateram com pílulas e outras invenções que aliviam o mal-estar do dia-a-dia que desejavam leve e solto como a corrente de um rio que os levasse ao rumo certo sem que alguma vez tenham sabido o que é certo por inventarem as certezas projectando no outro ou nos outros o que neles pede a forma.
Poder dar solidez a uma casa deixando-lhe as aberturas certas para entrar e sair nas alturas certas sem que os alicerces oscilassem mesmo quando apetecesse mudar a forma e cruzar os braços sobre o peito fechando neles o desejo satisfeito.
Não temos de ficar permanentemente à espera que na vida exista muito mais do que isto ou aquilo a que chamamos sonhos sendo eles nada mais do que coisas de desejo que para tornarmos nossas exige que tenhamos de envolver o outro ou os outros cada um deles com os seus sonhos-desejos inventados também numa medida que devia ser a nossa mas não nos serve vindo daí outra vez o sofrimento de não podermos ser como aqueles que aos nossos olhos são como pétalas que a corrente mansa leva a rumo certo.
Poder usar todos os verbos na primeira pessoa de todos os tempos e modos;
Poder trazer a segunda pessoa ao modo que mais satisfaça sem que isso seja uma forma de egoísmo e dizer que nada foi invenção mas comunhão e que a vida é isto e muito mais sem que falte o cruzar de braços sobre o peito depois de fechar neles o desejo satisfeito...
6 comments:
Nem mas...nem meio mas...nada como a autenticidade de nós próprios! Gostei deste espraiar de sentimentos!
durante muito anos fui infeliz, pois pensava que a vida não era o que eu vivia; havia muito mais, tinha de haver muitíssimo mais para além daquilo. E debatia-me entre a insatisfação da vida, ou do pragmático que ela tem e a leveza e alcance dos sonhos.E aquilo não batia certo e vieram as pílulas que tudo curam, mas nunca curam o ímpeto da busca de nós próprios, quando finalmente dei um pontapé nas ditas e abri os olhos, cá para dentro, para onde nos dói cada descoberta e cada desilusão, chorei de uma vez todas as lágrimas e abri o peito, finalmente liberto de tantas grilhetas que lhe havia imposto ao longo da vida.Foi como uma revelação: ficou tudo claro, de repente...aconteceu em Amsterdam, o melhor sítio do mundo (que eu conheço, claro) para se terem todas as clarividências.
Desculpa, esqueci-me de referir que o teu texto é absolutamente perturbador, por ser tão incisivo.Um beijo enorme, do tamanho dos sonhos;-)
como nos contornarmos a nós próprios sem perder essência. essa autenticidade, esse poder ser que nos conforta, e não estica.
e o inverso, como querer sem condições. como aceitar. devemos? -não.
mas nada acontece como prevemos. sem dar por ela amamos egoísmos e amam-nos pelos egoísmos. (os que nos deixam sobreviver sem mentiras)
existem mesmo diálogos de desejo. diálogos entre duas premências distintas, duas urgências de ser ter querer.
mas às vezes duram pouco. andamos quase todos a emitir monólogos. (se calhar aqui também, porque não há nada mais difícil que comunicar a dor ou a ânsia)
Confesso que este teu monólogo me perturbou, mexeu comigo, pois tocaste em muita coisa comum e que me fez pensar.
Tal como tu estou num processo de mudança e não tem sido fácil:)
Força para ti e beijos:)**
Impossível ficar indiferente às palavras, impossível não ficar a pensar.
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