Pousei as mãos sobre a mesa e soltei as imagens inventadas.
Disseram que abrindo as portas chegaria ao meu destino, ou descobri-lo-ia. Mas devagar.
Disseram que as mãos têm de sair de dentro das gavetas. E eu trouxe-as, sim, mas o pó da espera ocultava-lhes a forma e mesmo desdobradas eram ainda espessas. Tudo obscuro e indiferenciado.
Todos os começos são assim.
Não sei se me apetece abrir as portas. Do que me recordo, sempre, é de querer passar por espaços demasiado pequenos para a dimensão do meu corpo físico. Por vezes, porém, passei as paredes saltando-as. Nessas alturas creio que as asas funcionaram.
Recordo-me também de escadas, para além das paredes.
O mais certo é ficar fechada por detrás de um muro que deixa passar os sons de fora para dentro, aninhando-me na dissimulação.
Ou tentarei as escadas.
9 comments:
Suponho que há sempre a expectativa de uma magia que, contra toda a lógica, estabeleça ligações entre distâncias humanamente infinitas. E pode acontecer que não seja assim. Mas isso não é muito importante. Compreender, seja o que for, é sempre uma aparência. E há, algures no subsolo, lugares obscuros em que se trama o entendimento da superfície. Não trouxesse ainda outros sobressaltos e este jogo simbólico já seria um impulso vital.
Por vezes não há palavras que descrevam o que sentimos e debatemo-nos no "Pra onde"?
Bem descrito!
.....encontrarás o caminho concerteza.....
Bijinho e boa semana
"O poeta é um fingidor..."
É bom que não se esqueça que toda a escrita é exercício.
as paredes não têm sentido quando damos asas à mente......
a escrita é um exercicio sim
mas bom para a alma
para a mente
para o corpo
bom exercicio
então
nem tudo fica claro, no q respeita à memória. p xs, mm q lhe sopremos o pó, ñ conseguimos ver o brilho das coisas.
É bom que não se esqueça que toda a escrita é exercício narcísico!
Um labirinto de palavras. :)
e porque não tentar de novo as asas?
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