Sunday, March 19, 2006

Para onde?

Escher

Pousei as mãos sobre a mesa e soltei as imagens inventadas.
Disseram que abrindo as portas chegaria ao meu destino, ou descobri-lo-ia. Mas devagar.
Disseram que as mãos têm de sair de dentro das gavetas. E eu trouxe-as, sim, mas o pó da espera ocultava-lhes a forma e mesmo desdobradas eram ainda espessas. Tudo obscuro e indiferenciado.
Todos os começos são assim.
Não sei se me apetece abrir as portas. Do que me recordo, sempre, é de querer passar por espaços demasiado pequenos para a dimensão do meu corpo físico. Por vezes, porém, passei as paredes saltando-as. Nessas alturas creio que as asas funcionaram.
Recordo-me também de escadas, para além das paredes.
O mais certo é ficar fechada por detrás de um muro que deixa passar os sons de fora para dentro, aninhando-me na dissimulação.
Ou tentarei as escadas.

9 comments:

Zumbido said...

Suponho que há sempre a expectativa de uma magia que, contra toda a lógica, estabeleça ligações entre distâncias humanamente infinitas. E pode acontecer que não seja assim. Mas isso não é muito importante. Compreender, seja o que for, é sempre uma aparência. E há, algures no subsolo, lugares obscuros em que se trama o entendimento da superfície. Não trouxesse ainda outros sobressaltos e este jogo simbólico já seria um impulso vital.

Anonymous said...

Por vezes não há palavras que descrevam o que sentimos e debatemo-nos no "Pra onde"?
Bem descrito!

antónio paiva said...

.....encontrarás o caminho concerteza.....

Bijinho e boa semana

Elipse said...

"O poeta é um fingidor..."

É bom que não se esqueça que toda a escrita é exercício.

greentea said...

as paredes não têm sentido quando damos asas à mente......

a escrita é um exercicio sim

mas bom para a alma
para a mente

para o corpo

bom exercicio

então

Fábula said...

nem tudo fica claro, no q respeita à memória. p xs, mm q lhe sopremos o pó, ñ conseguimos ver o brilho das coisas.

Anonymous said...

É bom que não se esqueça que toda a escrita é exercício narcísico!

K. said...

Um labirinto de palavras. :)

ivamarle said...

e porque não tentar de novo as asas?