Thursday, August 11, 2005

Pontes de Tédio

Eu não sou eu nem sou o outro
Sou qualquer coisa de intermédio
Pilar da ponte de tédio
Que vai de mim para o outro.
(M. Sá Carneiro)


Recuso permanecer no lugar onde as ondas se desfazem
Recuso ser qualquer coisa de intermédio
Entre rios sem margens e jangadas desfeitas
Recuso as pontes de tédio
E o tédio de não ter certezas.
Rumo ao mar.
A partida conduz à vertigem das viagens
Onde eu sou eu própria
Descoberta de mim em mim
No reflexo dos espelhos agora renovados.
E na loucura da partilha serena de mim e do outro
Digo adeus aos outros e peço às aves que me devolvam
O verde das paisagens nos seus cantos
Deixo que elas pousem nos meus braços
Aliviando as penas.
Agasalho-me de esperança e abro as mãos
Soltando delas todas as palavras.

No comments: