Sunday, February 03, 2008

pequenas conversas, grandes enigmas ou de como é difícil sorrir


Não forces o sorriso que te estragas; não olhes, não fixes o real mais do que o necessário; não pronuncies as palavras inúteis, nem todos os ouvidos as merecem. Segura a lágrima, que te faz falta à secura das horas mais amargas; fecha os olhos, se puderes: uns dias de cegueira clarificam a vida ou ela é sempre clara e são as pálpebras demasiado abertas que não permitem visões certeiras.
Não sorrias ainda, a vida espera um pouco enquanto te seguras e te retrais; aligeira a carga, espalha os cabelos ao vento, estica a pele enrugada, movimenta a face trôpega; desfruta, se fores capaz, das horas inactivas: pára, paira, pasma, descansa, cria.
Aguarda o tempo necessário ao retorno da normalidade. Ela virá.

9 comments:

Claudia Sousa Dias said...

Gosto desta tua interpretação. E também da do António Mega ferreira em "Uma Caligrafia de Prazeres" a propósito do sorriso mais enigmático da história da pintura...

CSD

-pirata-vermelho- said...

Podias sorrir para ti...

mesmo que não se possa ver.

Elipse said...

são interpretações muito sofridas, Cláudia, enigmas ou impossibilidades de sorrir.

pirata, eu vou tentar. daqui a dias já está! Obrigada.

António Gomes said...

Eu sorrio na inutilidade

addiragram said...

Olha no "céu" dos olhos a beleza que te habita e percorre os pequenos "desvios",procurando não agigantar as
imagens...No horizonte os dias, também ,são luminosos.

Fatyly said...

Compreendo, respeito e aceito...mas tudo passa porque também nós estamos de passagem.

Beijos miúda linda!

Elipse said...

eu sorrio sempre com utilidade; sorrir na inutilidade pode ser demência e dessa vou tentando fugir.

acho que vejo a luz, addiragram.

de passagem? sim, sempre para a outra margem. ali ao lado, acessível, quero-a.

mfc said...

É isso... continua a sorrir com utilidade!
Fica-te bem.

Mónica said...

belo recado.

let's be monalisa :DDDD