Às vezes faltam-me as palavras; outras vezes, muitas vezes, ficam presas na garganta, à espera de voz que as pronuncie.
Sem voz é mais fácil porque elas saltam e soltam-se.
Por estes dias há uma palavra que me tem faltado – TEMPO – ou antes, não é a palavra mas o espaço para a pronunciar, sendo esse espaço uma coisa materializada na cadência dos ponteiros do relógio. É do tempo cronológico que falo. O outro, o que se mede em função de mim própria e dimensiona a minha realidade, costuma ser um fluxo continuamente instalado na memória a levar-me para trás; e depois traz-me de volta.
É essa a razão de me ter mantido entre a folhagem, relativamente escondida dos olhos alheios. Pelo menos aqui neste espaço, porque a realidade está virada de frente para mim e eu para ela. Seja então o dia um confronto.
E aqui estou articulando palavras escritas, ao som das teclas; dialogando com uma folha de papel virtual que amanhã se apresentará como real aos olhos de quem por aqui passa.
E vou, já de seguida, atrás dessa realidade que me faz fechar os olhos. Depois volto.
É claro que podia dizer apenas “até amanhã”, mas as palavras saltaram e eu não as travei.
10 comments:
Fizeste do meu "Até amanhã" uma coisa muito pequena ;)
Não esquecendo a subjectividade da realidade, os teus dias serão o que tu quiseres ver. E já agora, prefiro o atemporal "Até Sempre!", que pode ser ainda hoje, amanhã, ou em qualquer outro tempo lá atrás... ;)
Então espero que tenhas muito tempo para o meu 2º Desafio, minha linda :)))
beijo
Compreendo-te e por vezes o pouco tempo que nos resta não nos apetece fazer e dizer seja o que for!
Com essa luta...só perdemos tempo!
Beijos grande escritora!
O Tempo... é sem dúvida uma das questões filosóficas (no meu ponto de vista) mais interrogadas pela humanidade à qual não conseguimos obter resposta (como muitas outras). Por vezes perco-me no tempo, juntamente com as minhas memórias, essas que vão voando e voando com o passar do tempo. Mas o que podemos fazer? Já que ainda não existem máquinas no tempo que nos façam recuar e regressar quando quisermos no tempo, há que aproveitar o tempo que nos resta! Gostei desta sua divagação, sinceramente pôs-me a reflectir sobre o assunto.
Contudo, “Até amanhã” =D
Bj
Há momentos em que temos que cerrar os dentes(e fechar os olhos...) para que o amanhã aconteça.
Dê-se tempo ao tempo que ele não acaba.
eu tenho a palavra tempo, mas - xiuuuu - não o digo a ninguém, as pessoas olham de lado aqueles que têm tempo!
(tb há dias em que gostava de não ter... a palavra)
"As Grandes Coisas ficam semprepor dizer" Arundhati Roy in "O deus das pequenas coisas"
CSD
há "até amanhãs" que precisam de ser assim...
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