Wednesday, October 11, 2006

Aristóteles - Sobre a Educação

É claro que venero os gregos.
Em linguagem mais ou menos lírica, na medida do meu próprio estilo, tenho deixado aqui hinos aos deuses. Sabe-me bem louvá-los na sua harmonia e na perfeição das suas formas. A figura humana é de uma beleza admirável.
Gosto também das simbologias presentes nos mitos e das suas explicações fundadoras.
Contudo, há outros aspectos que não merecem menor destaque no modo de pensar dos antigos gregos e as palavras de Aristóteles que hoje aqui deixo estão mais actuais do que nunca:


Que o legislador se deve ocupar antes de tudo da educação da juventude, isso ninguém pode contestá-lo. E efectivamente os Estados que se desinteressem deste dever causam um grave dano às respectivas constituições, pois é necessário que a educação recebida seja adaptada a cada forma particular de constituição. (…) E dado que há um fim único para o Estado no seu todo, é evidente que também a educação deve necessariamente ser uma e a mesma para todos, e que o cuidado de a assegurar cabe à comunidade e não à iniciativa privada; (…) E não é sequer exacto pensar que um cidadão se pertence a si mesmo; na realidade, todos pertencem ao Estado, pois cada cidadão é uma parte do Estado, e o cuidado de cada parte está naturalmente orientado com vista ao cuidado do todo.”
Aristóteles, A Política

12 comments:

Anonymous said...

Bem actual...e os mandantes desta República das bananas deveriam reler o passado.
Parabés Elipse, sempre em grande!
Beijos

wind said...

Actualíssimo:)
Amiga, obrigada por tudo, mas mesmo tudo:)))))
beijocas*

admin said...

Como sabes, a sociedade grega era muito avançada para a nossa época. A ideia de os legisladores se interessarem por educar o povo é aqui uma constatação de Aristóteles que já teria sido de outros antes e continuou a ser depois. Essa é ainda a ideia dos nossos legisladores. O que acontecia nessa época e já não acontece hoje, daí o estranho avanço da sociedade grega, era os legisladores serem pessoas que ainda usavam a cabeça para pensar e eram eleitos por serem os mais capazes para o fazer(o que leva a crer que possam ter sido uma sub-espécie que entretanto se extinguiu). Também hoje os nosso legisladores se preocupam em educar o povo mas, coitados, sabem tão pouco e estão tão pouco interessados em saber...

rui-son said...

Se me premites uma correcção ikivuku, eu diria que hoje os legisladores se preocupam em controlar e alienar o povo, e não em educa-lo. Aliás, a educação do povo dificulta essa mesma alienação.

Elipse said...

não dá, pirata. esse blog parece admitir apenas "invited bloggers"... tu é que és uma pessoa importante, eu não!

mfc said...

Se isto está descoberto há tanto tempo, porque é que nenhum político o leu??!!

admin said...

Rui-son, neste caso não é um equívoco, não me parece que haja qualquer conspiração de legisladores. Trata-se mesmo de ignorância militante. Incapacidade para perceber que todos teríamos a ganhar se cada um de nós melhorasse. Mas a gestão de um umbigo muito grande impede de ver no espaço e no tempo. As unidades de medida são o curto prazo e a panelinha.
Pode surpreender é que legisladores tão pouco dotados possam ser mantidos e adulados pelo povo que os elege. Mas isso é aquela velha história pouco racional de continuarmos a apoiar o nosso clube mesmo que jogue mal e perca...

addiragram said...

Quem já lê os clássicos? Quem os lê, como quem escuta a lição de um mais velho?

~pi said...

muito actual e elucidativo do quanto andámos a regredir... até chegar aqui(?!?)...
beijos

ivamarle said...

este homem era um verdadeiro portento!!! bastante parecido contigo, na profundidade dos seus pensamentos...

Anonymous said...

É espantoso.
Tão longe no tempo, tão perto de um texto constitucional, tão esquecidos o filósofo e a lei fundammental.

Anonymous said...

tá lindo, é a realidade!