Wednesday, May 10, 2006

Rimas pobres


Na prática eu apenas tardo diante das letras impressas
Apenas ou ainda, o difícil é saber
E não é por desamor ou por inércia
É talvez porque me guia a proporção das coisas.
E a inquietação antiga do querer e do não querer.

Folheio as palavras e verto-as depois. E bebo-as;
Sirvo-me delas para agitar a seiva nos meus dedos
E ao senti-las percorrer todos os lados do meu corpo
Detenho-me na sede satisfeita
E deixo sair das mãos desenhos e segredos

Seguindo a direcção das minhas mãos abertas
Componho, em letras fáceis, os degraus do meu prazer.
E em dias cheios de planos por cumprir
É este o único amor a que me rendo.
A única cedência que acabo por fazer.

10 comments:

Elipse said...

Obrigada, pirata, meu leitor "fiel"
Beijinhos para ti.

wind said...

Ah, grande escritora:) bjs

Anonymous said...

que maravilha!!!! Beijocas

peciscas said...

Não são rimas pobres.
Gostei muito.
Ao ler, tive sensações semelhantes às que me surgem quando leio o Pessoa

rui-son said...

Nem as rimas nem as palavras que escreves são pobres

K. said...

"A única cedência que acabo por fazer"

Nem podes imaginar como compreendi.

mfc said...

Bonito...
Quanto à única cedência, só a posso entender como liberdade poética!

ivamarle said...

felizmente a tua inspiração está sempre presente e acredita que isso me faz muito feliz, espero que a ti também.Beijos enormes!!

Thiago Forrest Gump said...

O poema é rico. :)

ivamarle said...

como se podem apelidá-las de rimas pobres? líndissimas!!bom fim de semana e muitos beijos.