Acorda-se da letargia quando se pressente que o nosso torpor é um momento a menos na continuidade que é este correr cego, desejando-se ardentemente estar bem a toda a hora. Não que isso seja um desejo absurdo, pois a vida é curta demais para ser desperdiçada em intervalos. Mas às vezes há coisas que nos obrigam ao soluço encorajador. Um soluço solidário.
Quando penso que sou mãe de dois filhos normais e saudáveis, que seguem o seu percurso com objectivos, ultrapassando os obstáculos um a um pela sua capacidade de estar aqui, penso que por muitas coisas que me faltem para me sentir bem, essa parte, pelo menos, está cumprida.
Há uns anos li
um romance de uma mulher que escrevia sobre a sua família na esperança de que a filha, em coma, o pudesse ler quando despertasse. Li-a porque gostava e gosto de tudo o que
Isabel Allende escreve.
Por estes dias, por indicação deste
blog, tenho estado a ler a história de
uma mulher que escreve em circunstâncias muito semelhantes, mas com o objectivo de conseguir JUSTIÇA. Não creio que
Odele espere um milagre, embora o sorriso da
Flávia o merecesse, como o mereceria o sorriso de qualquer filha. Mas era bom que a sua luta fosse bem sucedida, ao menos essa…