Na prática eu apenas
tardo diante das letras impressas
Apenas ou ainda, o
difícil é saber
E não é por desamor
ou por inércia
É talvez porque me
guia a proporção das coisas.
E a inquietação
antiga do querer e do não querer.
Folheio as palavras
e verto-as depois. E bebo-as;
Sirvo-me delas para
agitar a seiva nos meus dedos
E ao senti-las
percorrer todos os lados do meu corpo
Detenho-me na sede
satisfeita
E deixo sair das
mãos desenhos e segredos
Seguindo a direcção
das minhas mãos abertas
Componho, em letras
fáceis, os degraus do meu prazer.
E em dias cheios de
planos destruídos
É este o único amor
a que me rendo.
A única cedência
que acabo por fazer.