Saturday, January 31, 2009

histórias


Chega sempre a casa desgastado e sem ânimo. Vale-lhe a imitação de um salário, no final do mês, embora não saiba por quanto tempo mais.
Ela diz-lhe que se aguente, que “andar ao papel” não desqualifica ninguém. A expressão é dele, que antes se tinha por trabalhador qualificado, quando a empresa tinha centenas de pessoas, bem pagas e com perspectivas seguras. Nunca se pensa que o mal nos pode atingir. Na verdade é bem melhor não pensar em nada para não se sofrer por antecipação.
Agora também a reciclagem pode vir a sofrer de falta de “matéria-prima”, a julgar pelo decréscimo das vendas, queixa-se. Até quando os míseros euros estipulados pelo salário mínimo?
Os filhos, em idade escolar, habituaram-se ao conforto e ao gasto fácil. Tudo é possível neste modelo consumista que as últimas décadas incentivaram. Além disso se os outros têm, por que é que nós não podemos ter em igual qualidade e quantidade? Não foi a igualdade proclamada há muitos anos e legitimada pelos modelos democráticos ocidentais?
Hoje chegou a casa ainda mais desolado. O desconsolo dos outros não é razão que anime, mas à porta de um estabelecimento onde acabara de fazer a recolha das embalagens, dois homens abordaram-no e perguntaram se sabia, se a empresa admitiria mais gente. Que tinham filhos pequenos e as mulheres desempregadas.

Depois chegou ela e disse que a fábrica tinha fechado.

Thursday, January 22, 2009

Simpatia

Um blog de ouro é demasiada responsabilidade para quem não dá sentido às palavras há tantos dias.
Obrigada Cláudia. Eu volto em breve.