Ao fim de tantos anos o vento ainda uiva na varanda
Enquanto eu bordo as palavras num linho desbotado.
Não é que me apeteça ser esta ilusão de repouso na noite
Posso sempre fechar a porta ou esconder o corpo
Entre o linho e as palavras
Não é que me surpreenda a súbita chegada das sombras;
A memória das coisas é sempre o dia claro
Mesmo que seja noite.
Porém morro ainda no instante verbal
Sendo a morte apenas a palavra acorrentada.
O resto é o uivar do vento por dentro da solidão.