Monday, March 24, 2008

Bordando sombras

Ao fim de tantos anos o vento ainda uiva na varanda
Enquanto eu bordo as palavras num linho desbotado.

Não é que me apeteça ser esta ilusão de repouso na noite
Posso sempre fechar a porta ou esconder o corpo
Entre o linho e as palavras

Não é que me surpreenda a súbita chegada das sombras;
A memória das coisas é sempre o dia claro
Mesmo que seja noite.

Porém morro ainda no instante verbal
Sendo a morte apenas a palavra acorrentada.

O resto é o uivar do vento por dentro da solidão.





Friday, March 21, 2008

Eis que ela chega

aproxima-se devagar

e traz as cores

e o prazer de contemplar




Thursday, March 13, 2008

Perspectivando caminhos




















Mesmo que se vagueie há um caminho
trilhado justamente no eixo principal
onde costumam estar os dias e as noites
seguindo-se, sem surpresas acrescidas;

Perdem-se os passos na indecisão cruzada
dos caminhos secundários
ao encontro de noites vagamente fingidas
ou da viuvez massacrada das árvores seculares.

Analogia discreta e vagamente torpe
já que é diurna a escolha
sendo as noites lugares de desassossego
e promessa de eixos seguros...


... ou apenas desejo de vida.